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Hormônios humanos mudam de acordo com estações do ano, diz estudo

Pesquisa israelense analisou milhões de testes de sangue e descobriu um padrão de variação na produção de diversos hormônios. Entenda.

Por Bruno Carbinatto
Atualizado em 17 fev 2021, 18h05 - Publicado em 13 fev 2021, 11h53

Uma análise de milhões de testes hormonais feitos em pacientes em Israel revelou que os nossos hormônios seguem um padrão compatível com o das estações do ano – alguns atingem seu pico no inverno e, outros, no verão. O fenômeno, porém, é de baixa escala. Ou seja, ainda não está claro o quanto isso influencia nos nossos processos fisiológicos.

O estudo foi feito por pesquisadores do Instituto Weizmann de Ciência, em Israel, e publicado na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences. Os cientistas analisaram milhões de testes de diferentes tipos de hormônios feitos entre 2002 e 2017, cobrindo uma grande variedade de características populacionais – como etnia, sexo, idade (entre 20 e 50 anos) – e condições socioeconômicas.

Os testes foram separados em meses do ano e consideraram 11 tipos de hormônios, de variadas origens e atuações no corpo humano. Foram testados, por exemplo, aqueles ligados à fertilidade, estresse, crescimento e diferenças relacionadas ao sexo das pessoas. Para analisar as diferenças na produção de cada hormônio ao longo do ano, até seis milhões testes específicos daquela substância foram incluídos no estudo.

Os resultados mostraram que a maioria dos hormônios secretados pela hipófise (ou pituária), uma glândula localizada na base do cérebro, atinge seus respectivos picos no final do verão. Aqui, vale lembrar que o estudo foi feito em Israel, que fica no Hemisfério Norte do globo e, portanto, tem as estações do ano invertidas em relação ao Brasil. A hipófise secreta hormônios ligados ao crescimento, estresse, controle da água no corpo e também estimula outras partes do corpo a produzir seus respectivos hormônios.

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Já a maioria dos hormônios produzidos por outros órgãos, como a tireoide ou as gônadas – que secretam hormônios sexuais como testosterona ou estrógeno -, atingem seus picos no inverno ou na primavera. Essa relação, porém, é especialmente confusa porque os hormônios produzidos pela hipófise (que atingem seu pico no verão) controlam e estimulam a produção desses outros hormônios que sobem no inverno, época oposta. Seria mais intuitivo pensar que seus picos, então, estivessem correlacionados.

Não se sabe exatamente porque esse ciclo acontece, mas não é exatamente uma surpresa que ele exista. Isso porque o fenômeno já foi observado em outros animais com certo grau de detalhamento, influenciando, inclusive, nas épocas de reprodução desses bichos. Em humanos, porém, não se tinha certeza se o mesmo acontecia – todos os estudos feitos até agora eram pequenos ou limitados e tinham resultados pouco conclusivos. O novo estudo israelense impressiona pela grande base de dados e parece estabelecer bem o fenômeno, especialmente porque considera vários hormônios de naturezas distintas.

É importante lembrar, porém, que essas diferenças na produção dos hormônios ao longo das estações do ano não é muito grande – os “picos” só são 5% maiores do que os níveis mais baixos, uma porcentagem menor do que as flutuações vistas em outros animais até agora. Além disso, sabe-se que os hormônios variam bastante em períodos de tempo menores (como ao longo de um dia – alguns hormônios são produzidos mais durante a noite, por exemplo), e o novo estudo levou em conta essas flutuações para comparar os dados em uma escala de tempo maior.

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Fenômeno misterioso

No artigo, os cientistas formularam uma hipótese para explicar o fenômeno que se baseia na mudança da massa dos órgãos que produzem os hormônios ao longo do ano. A hipófise, por exemplo, produz hormônios cuja função é estimular as glândulas suprarrenais a produzirem cortisol, um outro hormônio. Como resultado, as suprarrenais também crescem de tamanho.

Mas, ao secretar mais cortisol, essas glândulas causam o efeito oposto na hipófise, que diminui de tamanho. Menor, a glândula cerebral passa a produzir menos hormônios que estimulam as suprarrenais – que também diminuem. Isso cria um ciclo de crescimento e diminuição da massa da hipófise e dos outros órgãos que produzem hormônios estimulados por ela, e como esse crescimento ou diminuição levam semanas ou até meses, isso explicaria porque os hormônios dos dois grupos têm picos em épocas diferentes, apesar de estarem correlacionados.

A equipe também suspeita que a melatonina – um hormônio cuja produção no cérebro é estimulada pela luz (e pela falta dela) – tenha um papel na regulação desse ciclo. Para testar essa hipótese, eles esperam que resultados feitos em populações do Hemisfério Sul, quando as estações do ano são espelhadas, apresentem um fenômeno parecido, mas também invertido (ou seja, com um intervalo de seis meses entre os picos verificados). Outro resultado esperado é que em populações onde a presença de luz ao longo do dia varia muito entre as estações (como no extremo norte do mundo, onde os invernos são bastante escuros), a diferença na magnitude dos picos seja bem maior. “Se nós vimos uma diferença de 5% em Israel, ela pode chegar a mais de 15% no norte da Europa”, disse em comunicado Alon Bar, líder do estudo.

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