Marcapasso para depressão
O dispositivo chama-se Vagal Nerve Stimulation (VNS) e é indicado às pessoas que não respondem ao tratamento habitual com remédios ou terapias.
Dante Grecco
Um aparelhinho é a aposta mais recente dos médicos para tratar pacientes com depressão. Semelhante a um marcapasso , ele é colocado no peito e estimula, por meio de pequenos impulsos elétricos, um nervo que se conecta com o cérebro. O dispositivo chama-se Vagal Nerve Stimulation (VNS) e é indicado às pessoas que não respondem ao tratamento habitual com remédios ou terapias. “Cerca de 30% dos pacientes que sofrem de depressão grave não respondem aos medicamentos”, diz Joel Rennó Jr., médico do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo.
O VNS é colocado do lado esquerdo do peito em uma cirurgia simples. O aparelhinho conecta-se ao nervo vago na altura do pescoço por meio de um fio condutor e emite pequenos pulsos intermitentes entre 0,25 e 3,5 miliampères. O nervo vago atua como um “calibrador”, controlando excessos de impulsos enviados pelo resto do corpo ao cérebro. “O efeito antidepressivo deve estar relacionado à estimulação que o nervo vago faz no sistema nervoso central, incluindo o sistema límbico, que rege as emoções”, diz Joel.
Estudo recente testou o VNS em 180 pacientes que não respondiam a tratamentos convencionais contra depressão, obtendo bons resultados em metade deles. A FDA (agência americana que regula o uso de medicamentos), no entanto, faz restrições ao uso do VNS. “Ele só deve ser usado depois de esgotadas todas as formas de tratamento psiquiátrico”, afirma o médico. Para completar, o preço é salgado: o aparelhinho não sai por menos de 33 mil reais, fora despesas médicas.
Choque certeiro
Onde é instalado e como age o VNS
1. O gerador
O VNS emite pequenos impulsos elétricos que, por meio de um fio condutor, estimulam o nervo vago
2. O regulador
O nervo vago atua como um calibrador, regulando a intensidade dos impulsos elétricos que chegam ao cérebro
3. O alvo
Ao atingir o sistema nervoso central, os impulsos gerados pelo VNS e calibrados pelo nervo vago acabam tendo efeito antidepressivo