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Mudanças climáticas podem levar o Zika Vírus para a Europa

Estudo indica que, até 2080, algumas regiões temperadas terão que enfrentar o vírus. O motivo é o aumento das temperaturas causado pelo aquecimento global.

Por Carolina Fioratti
Atualizado em 8 jul 2020, 15h35 - Publicado em 8 jul 2020, 15h31

Nos últimos anos, o Zika Vírus se tornou uma preocupação em solo brasileiro. Por aqui, ele é transmitido através da picada do Aedes aegypti – mosquito transmissor de outras doenças como dengue, febre amarela e chikungunya –, e causa complicação neurológica nos infectados, como a Síndrome de Guillain Barré, que, em alguns casos, leva à paralisia. Em mulheres grávidas, o vírus pode desencadear microcefalia do feto, ou seja, o bebê pode nascer com uma malformação no cérebro. 

Esse vírus, comum em países tropicais, pode começar, em breve, a afetar regiões de clima temperado (verões moderados e invernos frios). Isso porque, com as mudanças climáticas, a temperatura nesses pontos do planeta tende a aumentar, tornando o ambiente propício para a propagação do vírus. A conclusão é de pesquisadores da Universidade de Liverpool, que realizaram testes com dois outros mosquitos capazes de transmitir o Zika Vírus: o Aedes albopictus e o Ochlerotatus detritus

Os mosquitos foram expostos à temperaturas entre 17 ºC e 31 ºC. Esses insetos não são capazes de regular a temperatura de seus corpos, então se adaptam ao clima do ambiente em que estão. Por outro lado, o Zika Vírus precisa de condições específicas de temperatura para se replicar a ponto de tornar o mosquito infeccioso. 

Os cientistas perceberam que o vírus, que se alojava nas glândulas salivares dos insetos, conseguia se replicar de maneira efetiva aos 19 ºC ou mais. Surtos de Zika Vírus já ocorreram na América do Sul, América Central, sudeste da Ásia e partes da África. Na Europa, atualmente, há poucas áreas quentes o suficiente para ter incidência deste vírus – a costa do Mediterrâneo, por exemplo, é uma dessas exceções. 

Em baixas temperaturas, o vírus não se replica e o mosquito acaba morrendo antes de se tornar infeccioso. Mas o cenário em alguns locais está prestes a mudar. Com base em modelos do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), os cientistas modelaram o risco de transmissão global do Zika Vírus entre 2050 e 2080. A pesquisa mostra que, mesmo em um cenário otimista, com o início da queda das emissões de carbono em 2020 até a completa eliminação do poluente em 2100, o vírus ainda chegaria ao norte dos Estados Unidos, norte da China, sul do Japão e leste e sul da Europa dentro dos próximos 60 anos. 

A ideia dos pesquisadores é expor os perigos que os dias mais quentes do futuro podem trazer para a saúde humana. Dessa forma, os governantes de países diretamente afetados poderão desenvolver políticas públicas voltadas à redução da população de mosquitos. No Brasil, isso é feito anualmente durante o verão, em que há campanhas instruindo a população a não deixar água parada, evitando a proliferação do mosquito Aedes Aegypti.

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