Olfato: Há algo no Ar
O ser humano é capaz de perceber, interpretar e catalogar mais de 4 000 tipos diferentes de cheiro.
Lívia Lisboa
Você pode estar concentrado, lendo esta revista, e nem reparar nos cheiros que se desmancham no ar à sua volta. Mas, se você inspirar profundamente, vai sentir o perfume das flores do vaso sobre a mesa, o cheiro da tinta no papel ou o bolo assando no forno da cozinha. O que você estará percebendo, de fato, é o efeito das moléculas odoríferas que invadem uma pequena região, bem atrás do nariz, entre as sobrancelhas – o epitélio olfativo. Ao chegar lá, essas partículas voláteis são capturadas, dentro do nariz, pelos cílios da células olfativas (você tem 5 milhões delas). Uma vez aprisionadas pelos cílios, as moléculas odoríferas se encaixam nas células olfativas, de acordo com o seu formato e peso. Essas células enviam as informações correspondentes ao cérebro, que vai, então, descobrir se você cheirou flores, tinta ou bolo. O olfato humano é capaz de identificar mais de 4 000 cheiros diferentes. É menos do que a maioria dos animais, mas, para o seu cotidiano, dá e sobra.
Exagero nasal
O tamanho ou o formato do nariz em nada altera a percepção dos cheiros. Tanto faz se ele é adunco ou arrebitado, ou até enorme como o de Cyrano de Bergerac, personagem do dramaturgo francês Edmond de Rostand (1868-1918), aqui mostrado na interpretação de Antônio Fagundes
Da pétala ao cérebro
Acompanhe, de baixo para cima, o caminho que conduz até você o perfume da rosa.
O fim da linha
Os tratos olfativos conduzem os impulsos até o ponto final, na área olfativa frontal. Essa é a parte do cérebro, no córtex, onde as sensações do olfato são interpretadas. No trajeto, elas atravessam regiões ligadas às emoções – o sistema límbico. Por isso, o aroma da rosa pode trazer de volta uma lembrança agradável relacionada com um passeio por um jardim perfumado pelas flores.
Corrente elétrica
O bulbo olfativo recebe os impulsos enviados a partir das células olfativas e os despacha para a sua viagem final, por dentro do cérebro.
Odores líquidos
No final das narinas, as moléculas odoríferas chegam a uma região chamada epitélio olfativo. Aqui, em meio a um tapete de muco, estão as células olfativas. O muco serve para dissolver as moléculas odoríferas, que só podem ser percebidas em estado líquido. Depois que elas são identificadas, o próprio muco se encarrega de expulsá-las.
A rosa invisÍvel
Seu olfato percebe o cheiro da rosa porque o ar ao redor dela está impregnado de suas moléculas odoríferas, também chamadas de vapores. Essas partículas microscópicas flutuam até o nariz, sugadas com o ar que você inspira.
Identificando as visitas
As células olfativas têm uma das pontas coberta de cílios, que são estimulados pelas moléculas odoríferas. Dentro da célula, o estímulo produzido pelo cheiro da rosa é transformado em um impulso elétrico.
Será mesmo uma rosa?
O odor “capturado” pelos cílios passa pelas vesículas olfativas, e viaja pelo nervo olfativo, na forma de impulsos elétricos, até o bulbo olfativo. Para que você saiba que não está cheirando uma flor qualquer, mas uma rosa, o seu nariz trabalha com um sistema de chave-e-fechadura, que reconhece a estrutura química das moléculas. Elas encaixam-se somente em células receptoras específicas.
Quem sabe é super
O aroma da cerveja é a soma dos vapores de 700 substâncias, três vezes mais do que os da banana.
Siga aquele cheiro
Não é à toa que se recrutam cachorros para serviços que requerem um olfato apurado. É que o focinho de um cão tem nada menos que 70 milhões de células olfativas, enquanto os seres humanos possuem 5 milhões. Além disso, a área do cérebro responsável pelo olfato do animal é maior que a do homem.