Puberdade precoce aumenta as chances de câncer na vida adulta
Risco está relacionado a formas hormonais da doença, como câncer de próstata e ovários
Cientistas da Universidade de Cambrigde, na Inglaterra, acabam de identificar uma nova evidência genética que relaciona a puberdade precoce ao desenvolvimento de diversos tipos de câncer atrelados aos hormônios sexuais, como câncer de mama, ovários e endométrio em mulheres e de próstata em homens.
Pesquisadores da unidade de epidemiologia analisaram 370 mil mulheres, realizando a maior análise genômica sobre puberdade até o momento. Eles encontraram 389 novos sinais genéticos associados ao início da adolescência – quantidade quatro vezes maior que o número anteriormente conhecido.
Os cientistas também catalogaram o peso corporal de cada participante, pois esse é um fator conhecido por acelerar a puberdade e aumentar os riscos para alguns tipos de câncer. Geralmente, a puberdade começa aos 11 anos para as meninas e aos 12 para os meninos — apesar de poder variar, tende a seguir a mesma idade que os pais passaram por essa fase.
A transição para adolescência é considerada precoce quando inicia aos oito para eles e quando as meninas menstruam pela primeira vez aos oito, nove ou 10 anos. A idade média da puberdade hoje é cinco anos mais cedo que no século passado, já que muitas crianças estão com sobrepeso decorrente de dietas ricas em açúcar e gordura.
O time de Cambrigde descobriu que para cada ano que antecede a idade regular da puberdade, as chances de desenvolver câncer de endométrio aumentam 28%. A mesma lógica vale para câncer de ovário e de mama, cujo risco sobe 8% e 6%, respectivamente. No caso dos meninos, cada ano precoce eleva o perigo de câncer de próstata em 9%.
Isso significa que se uma menina ter sua menarca (primeira menstruação) aos 10 anos, ela estará 12% mais vulnerável a desenvolver câncer de mama depois de adulta que uma menina que menstruou aos 12 anos.O estudo foi publicado no periódico Nature Genetics.
Pesquisas anteriores já sugeriam que a idade de entrada na adolescência estava associada ao risco de doenças em outras fases da vida, mas até agora não estava claro se os resultados foram distorcidos por outros fatores que influenciam o aparecimento de doenças, como o caso da obesidade, ou se correspondiam apenas à puberdade.
Um dos líderes do estudo, Dr. John Perry, defende que a pesquisa se aprofunde para entender melhor esses genes atrelados a níveis elevados de hormônios sexuais e para poder desenvolver mecanismos mais efetivos para prevenção das doenças na idade adulta.