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Quero competir com atletas sem deficiência

Não vejo diferença entre provas olímpicas e paraolímpicas - vejo tudo como novos desafios. E acho que está na hora de deixar atletas deficientes, como eu, competir de igual para igual com os outros. Qual é o problema disso?

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h08 - Publicado em 15 jul 2012, 22h00

Oscar Pistorius*

A pergunta é inevitável quando as pessoas olham meu currículo como atleta paraolímpico, afinal sou campeão dos 100m, 200m e 400m nos Jogos de Pequim de 2008. “Por que você insiste tanto em competir com os chamados atletas normais?”. A resposta é simples: eu luto pelo que acredito. E isso significa que preciso de novos obstáculos – sem olhar para uma corrida como um prova olímpica ou paraolímpica. Todas exigem o melhor de mim. Já participei de um Mundial para atletas não-portadores de deficiência. Fui o primeiro atleta paraolímpico do mundo a fazer isso, aliás, e cheguei às semifinais dos 400m competindo de igual para igual com os outros. E agora sonho em disputar as Olimpíadas de Londres (ele ainda precisa do índice).

Em 2008, meu caso na Corte Arbitral do Esporte mostrou que correr com próteses não me dá nenhuma vantagem sobre os outros corredores (o tribunal, depois de analisar evidências científicas, obrigou a Federação Internacional de Atletismo a voltar atrás da decisão de proibir o sul-africano de participar de competições). Foi difícil ter de ir aos tribunais para confirmar minha “igualdade”, mas já consegui provar científica e legalmente que não levo qualquer vantagem ilegal com o uso da Cheetah Flex Foot, a prótese de fibra de carbono que uso. (Pistorius nasceu sem as tíbias e teve as pernas amputadas abaixo dos joelhos, aos 11 meses). As pessoas podem falar o que quiserem, mas provamos que as próteses não me ajudam a correr mais. Na verdade, a CAS aceitou o argumento de que saio em desvantagem por não contar com a mesma explosão muscular de atletas não-portadores de deficiência.

Na competição principal, não acho que tenha chances de medalha, mas participar dela já é meu sonho. Meu objetivo é chegar o mais longe possível, sem me importar com a deficiência. Acredito que as pessoas devem ter a chance de tentar ser o melhor que possam ser – independentemente de rótulos. Por enquanto, me parece impossível um atleta ganhar medalhas nas duas competições, pois nenhum paraolímpico chegou perto dos meus tempos nos 400m, por exemplo. E a minha melhor marca é 45s07, enquanto os melhores atletas “normais” da distância correm abaixo de 44s90. Acho que parte da reação negativa contra minha participação nas corridas normais é motivada pelo temor do impacto crescente da tecnologia em nossas vidas. Afinal, as minhas próteses são um tipo de adaptação tecnológica. Não faço parte desse debate, prefiro ser enxergado como um atleta tentando se superar. Ao mesmo tempo, acho que todos nós envolvidos no esporte temos a responsabilidade de educar as pessoas para o fato de que todos temos muitas habilidades na vida. É nisso que devemos nos concentrar, em vez de focar naquela pequena parte que é a deficiência.

* Corredor amputado sul-africano, dono de 4 medalhas de ouro paraolímpicas, e que obteve na Corte Arbitral do Esporte (CAS) o direito de competir em eventos normais. Assim, foi semifinalista dos 400m no Mundial de Atletismo de 2011.

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