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Sinais de autismo podem ser detectados por contato visual

Crianças autistas sentem mais dificuldade em falar sobre suas emoções enquanto olham nos olhos

Por Pâmela Carbonari Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 19h00 - Publicado em 5 abr 2016, 19h30

Pessoas persuasivas e boas oradoras sabem que olhar nos olhos é uma importante estratégia de comunicação. Manter contato visual facilita a compreensão do que o outro fala, passa a impressão de que se está atento, seguro e é uma arma de convencimento bastante eficaz. Cientes disso, pesquisadores da Universidade de Vermont, nos Estados Unidos, analisaram o olhar de crianças com, e sem, autismo, para reconhecer sinais do transtorno.

Os cientistas conversaram por Skype com 37 crianças entre 6 e 12 anos – 18 delas autistas. Eles utilizaram um detector de movimentação do olhar chamado Mirametrix S2 que identifica a localização das posições oculares através de luzes infravermelhas. A conversa começou com temas práticos, como gostos e rotina. Em seguida, para testar se outros assuntos mudavam a direção do olhar, o papo evoluiu para aspectos emocionais, como o que deixa a criança feliz, assustada ou triste.

Na primeira parte do experimento, as crianças responderam olhando nos olhos do entrevistador. Mas quando precisaram contar como se sentiam, os autistas focaram na boca de quem estava falando e não mais no olhar. A autora do estudo, Tiffany Hutchins, afirma que as conversas emocionais demandam mais das funções cognitivas. Por isso, quando perguntadas sobre medos, os autistas, já sobrecarregados, fugiram com o olhar para um ponto mais neutro, com menos informações para processar que a região dos olhos.

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Olhos nos olhos, quero ver o que você diz

As crianças autistas dão muita importância ao que se fala. Com a mudança de foco ocular, elas perdem a chance de entender os significados das expressões faciais e não captam informações subjetivas relevantes transmitidas pelo olhar.

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A equipe responsável pela pesquisa espera que essas descobertas alterem a forma como os terapeutas tratam estudantes autistas. “Alguns programas de desenvolvimento de habilidades sociais sugerem que as crianças mantenham contato visual durante a interação, mas essa prática pode ser contraproducente e deixá-las nervosas, dispersas e ansiosas”, afirma Hutchins.

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