PRORROGAMOS! Assine a partir de 1,50/semana

Suas memórias são mais fortes do que o seu cérebro

Ela perdeu a memória, mas não esqueceu como se pilota um avião. Veja como esse caso pode mudar a forma como a ciência entende o cérebro.

Por Helô D'Angelo Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 19h00 - Publicado em 23 jun 2016, 20h15

Ela era uma artista renomada, cujos trabalhos já foram capa da revista New Yorker seis vezes. Tocava violino em uma orquestra amadora e, como hobbie, aprendeu a pilotar um avião monomotor, com o qual realizou mais de 400 viagens. Mas, aos 64 anos, tudo caiu por terra: uma encefalite viral destruiu o ponto do cérebro onde são criadas e alojadas as memórias – o hipocampo. Meses depois, porém, os médicos perceberam que, apesar de as memórias terem desaparecido completamente, as habilidades de Lonni Sue Johnson estavam preservadas.

A doença deixou o cérebro de Lonni com sérios danos. Hoje, ela não consegue lembrar nem de eventos importantes de sua vida – como o próprio casamento -, nem de coisas que ela acabou de fazer – como escovar os dentes. Ela não consegue aprender nada novo, e não tem conhecimento de como o mundo funciona – incluindo o que era super conhecido por ela, como o mundo da arte. Mas, quando questionada sobre como pilotar um avião, como pintar uma aquarela ou para que servem as cordas de um violino, ela responde rapidamente.

LEIA: Memória: esquecer para lembrar

Lonni é um caso tão intrigante que passou a ser estudado pela Universidade John Hopkins, onde os cientistas determinaram o quanto as habilidades da ex-artista haviam sido mantidas. Para isso, aplicaram um teste oral com perguntas específicas sobre cada uma das áreas que a mulher tinha mais facilidade – artes, música e vôo. As questões eram simples, como “qual a melhor forma de remover água em excesso da aquarela?” ou “como fazer para um avião não tombar para o lado?”. O mesmo teste foi aplicado para outras 80 pessoas, com a mesma idade de Lonni – entre elas, experts nessas áreas. O resultado surpreendeu os pesquisadores: Lonni superou os leigos nas questões sobre aviação e música, e foi melhor do que os experts nas perguntas sobre arte. 

O caso sugere que a concepção científica mais aceita do que é “memória” está errada. Até agora, os neurocientistas acreditavam que a memória só se diferenciava de habilidades mecânicas, como andar de bicicleta, mas o quadro de Lonni mostra que a coisa é diferente: as habilidades que ficaram marcadas na cabeça dela não são meramente corporais; são complexas como pilotar um avião e abstratas como a pintura e a música. 

Publicidade


Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY
Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 10,99/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.