Assine SUPER por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Tamanho das baleias ajuda a protegê-las do câncer

Genes do crescimento também podem suprimir tumores, mostra estudo.

Por Maria Clara Rossini
29 mar 2024, 14h00

Baleias e golfinhos pertencem a um grupo de mamíferos aquáticos chamado cetáceos. Eles são divididos em Odontoceti (aqueles que possuem dentes) e Mysticeti (os que têm estruturas de queratina no maxilar). Agora, um estudo (1) da Unicamp mostrou que há outra maneira de dividir esses mamíferos: em animais maiores e menores de 10 metros.

Eles possuem padrões diferentes de expressão do gene NCAPG, que é mais ativado nos cetáceos maiores, levando ao crescimento corporal, e inibido nos animais menores. Mas o ponto mais interessante é que os mecanismos de controle do tamanho podem estar relacionados à incidência de câncer. Felipe Silva, autor do estudo, explica essa relação.

A ativação e a inibição do gene estão presentes tanto nos Odontoceti quanto nos Mysticeti. Como isso aconteceu?

Os dois grupos se separaram evolutivamente por volta de 35 milhões de anos atrás. É possível que seja uma evolução convergente – ou seja, uma característica similar que não foi herdada de um ancestral comum, mas evoluiu independentemente, em resposta a pressões seletivas semelhantes.

O que o tamanho dos cetáceos tem a ver com a incidência de câncer?

Continua após a publicidade

O câncer nada mais é do que o crescimento desordenado de células. Estatisticamente falando, é esperado que, quanto mais células o indivíduo tenha, mais chances de algumas delas apresentarem um problema celular e originarem tumores.

Devido ao grande tamanho, os cetáceos estariam mais propensos a ter câncer. Porém, observações científicas notaram justamente o oposto: animais gigantes têm menor risco de câncer quando comparados aos menores. Essa discrepância entre o teórico e o observado é chamada de Paradoxo de Peto.

E como isso se traduz no genoma?

O gene NCAPG em si não está relacionado diretamente com o surgimento de tumores ou câncer. Mas, em uma pesquisa anterior, vimos que os genes GHSR e IGFBP7, além de promover o crescimento, também atuam na supressão de tumores, através do controle de divisão celular, migração e do ciclo celular.

Continua após a publicidade

O IGFBP7 também tem um padrão diferente para cetáceos gigantes e não-gigantes. Isso indica que ele pode ser mais expressado nos animais maiores, atuando tanto no crescimento quanto na contenção de tumores.

No geral, o nosso estudo pode ajudar apontando genes para análise em futuras pesquisas, além de fornecer pistas dos mecanismos pelos quais o câncer é combatido na natureza  – que podemos tentar copiar para a nossa realidade. 

Fonte 1. Patterns of enrichment and acceleration in evolutionary rates of promoters suggest a role of regulatory regions in cetacean gigantism. F Silva e outros, 2023.

Compartilhe essa matéria via:
Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 12,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.