Trilhos que curam
Nova moda na Indonésia é se deitar sobre os trilhos do trem para tratar doenças como colesterol, diabetes e pressão alta
Pieter Zalis
Basta apoiar as mãos e os pés e relaxar. É nisso que acreditam alguns moradores de Jacarta, capital da Indonésia, que adotaram um hábito bizarro: deitar-se nos trilhos do trem para tratar colesterol, pressão alta, reumatismo, diabetes e insônia. Segundo eles, a corrente elétrica que passa pela ferrovia tem poderes terapêuticos e também proporciona uma sensação de relaxamento e bem-estar. A moda foi lançada por um taxista da cidade, que diz ter se recuperado de um acidente vascular cerebral (AVC) graças à prática. “A maioria dos frequentadores não tem condições de pagar tratamento de saúde. Outros vêm porque não conseguiram se recuperar pela medicina tradicional”, diz Azas Tigor, chefe da Secretaria de Transporte de Jacarta.
Os adeptos da prática se reúnem diariamente, a partir das 17h, nos arredores da estação local de Rawa Buaya, que fica na periferia da cidade. As autoridades têm adotado medidas para coibir a prática. Se uma pessoa for pega deitada nos trilhos, pode ser multada em R$ 3 mil e até ir para a cadeia. “Não tem funcionado. Para tirar as pessoas dos trilhos temos que fornecer saúde de qualidade”, afirma Tigor. Ainda não houve nenhum caso de atropelamento causado pelos trens.
A prática não tem nenhum fundamento científico, e não é aceita nem pelos adeptos de terapias alternativas. “É um fenômeno social, não médico. Por algum motivo, as pessoas acreditaram que a sensação causada pela eletricidade seria um indício de cura”, diz Afonso Ribeiro, da Sociedade Brasileira de Medicina Alternativa.