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Retrospectiva: 5 surpresas da política e da economia em 2016

Deputados comediantes, recessão, um gorila na Casa Branca e todo mundo em cana: o ano em cinco atos

Por Alexandre Versignassi Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 23 dez 2016, 22h56 - Publicado em 22 dez 2016, 19h50

Retrospectiva Fatos 2016
(Agência Brasil | Marcelo Camargo)

5) Brasil, olha a sua cara

Há 24 anos, os deputados também deram show de horrores. O impeachment de Collor também foi colhado de discursos aberrantes na linha, “Pelos meus filhos Wellington e Juciley, pela minha esposa Madalena, pelo meu lindo litoral rio-grandense, meu voto é sim”. Mas há 24 anos não existia YouTube, Facebook, smartphone. A votação do impeachment na Câmara conseguiu a proeza de unir quem era contra e quem era a favor da dissolução do governo Dilma em torno da mesma opinião: nossos Congressistas, seja os da esquerda, seja os da direita, seja os do muro, têm talento para a comédia involuntária.

 

Retrospectiva Fatos 2016
(Agência Brasil | José Cruz)

4) Circuito Bangu-Curitiba

Quem tem entre 30 e 40 anos hoje só ouvia falar na Polícia Federal quando tinha queimada de maconha apreendida no Mato Grosso. “Ministério Público”, então, boa parte da população nem sabia o era. Essa realidade começou a mudar em 2014 e 2015, quando a Lava Jato ganhou corpo. Mas foi em 2016 que estabeleceu-se uma nova ordem: dois ex-governadores do Rio presos, presidente do Senado reduzido a réu, ex-presidente da Câmara encarcerado, ex-presidente da República coercido, Odebrecht abrindo o jogo. Para uns, heroísmo do Judiciário. Para outros, abuso de autoridade e estabelecimento de um Estado policial. Opiniões à parte, resta um fato: 2016 escreveu história com H maiúsculo diante dos olhos dos brasileiros.

 

Retrospectiva Fatos 2016
(iStock | TheaDesign)

3) Cai o populismo de esquerda, sobe o de direita

O populismo de esquerda sofreu um baque em 2016: Cristina Kirchner não conseguiu fazer seu sucessor e o governo Maduro mergulhou num caos sem volta. Mas o populismo segue vivo e forte lá fora. A diferença é que agora ele veste o manto da direita. A eleição de Trump, a saída do Reino Unido da União Europeia e a ascensão de ultranacionalistas na França e na Alemanha são as maiores amostras disso. No Brasil, não é tão diferente: o populismo de esquerda, depois de passar 13 anos no poder, abriu alas para a consolidação de um populismo conservador.

 

 

Retrospectiva Fatos 2016
(iStock | AndyKatz)

2) Escolinha do Professor Trump

A China capturou um drone americano em águas internacionais próximas a seu território. Era um drone aquático de pesquisa submarina. O Pentágono chiou. A China retrucou, dizendo que estava no direto dela. Começava aí o primeiro incidente diplomático com Trump já eleito Presidente. Depois de algumas rusgas, China e EUA combinaram a devolução do drone, sem grandes consequências. Aí Trump entrou em cena. Tuitou que “Não queria de volta o drone que eles roubaram. Que os chineses fiquem com ele!!”.

Foi mais ou menos como mandar a China “enfiar o drone” onde melhor lhe conviesse. A porta-voz do Ministério de Relações Exteriores da China retrucou dizendo “Não gostamos da palavra ‘roubou’. Ela é totalmente inacurada”. Pronto. Está aí a primeira amostra prática do que significa o fato mais central de 2016: a eleição de um showman de cabeça quente para um emprego que, entre outros requisitos, exige justamente discrição e cabeça fria. 2017 promete.

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Retrospectiva Fatos 2016
(iStock | sergeyryzhov)

1) Brasil estagnado, só que menos inflacionado

Nossa economia parou de crescer antes da Copa de 2014. Agora, que até a Olimpíada já faz parte de um passado relativamente distante, seguimos com o nosso carrinho de rolimã despencando ladeira abaixo – pior: estamos descalços, então não dá para meter os pés no asfalto no afã de frear. Em 2015, despencamos 3,8%. E 2016 devemos cair mais 3,4%, marcando a pior recessão da história do Brasil.

Recessão não combina com inflação: as pessoas consomem menos, logo, não há pressão para aumentos de preços. Mas o Brasil é pródigo em cenários econômicos pouco usuais: já tivemos recessão com inflação galopante. Culpa dos gastos públicos, que teimam em aumentar em qualquer cenário. Esse dinheiro extra tende a fomentar mais o consumo do que a produção. Então passamos a ter moeda em circulação do que produtos que podem ser comprados com elas. Inflação.

Mas não é o que aconteceu neste ano. Em outubro, a inflação fechou em 0,26%, Em novembro, 0,18%. Isso baixou a inflação nos últimos 12 meses para 6,9% – bem perto do teto da meta do BC, que é de 6,5% ao ano. Com isso, é possível que em 2017, ou 2018, mais tardar, a inflação volte ao centro da meta, 4,5%.

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Acabar com a inflação não resolve sozinho o que realmente interessa, que é fazer o PIB voltar a crescer. Mas dá algum alicerce, já que inflação baixa permite redução de juros. Com juros mais baixos, fica mais fácil investir. Com investimento, a produção aumenta. Na outra ponta, os mesmos juros baixos fomentam o consumo, alimentando um círculo virtuoso, como tivemos entre o final dos anos 2000 e o início desta década. Que não tenhamos de esperar a próxima Copa para que o país volte a crescer – porque se for assim, esse será o nosso verdadeiro 7 X 1.

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