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6 motivos pelos quais paraquedas não são disponibilizados em voos comerciais

Entenda por que aviões não têm sistemas de paraquedas para passageiros em caso de emergência

Por Bela Lobato
Atualizado em 19 ago 2024, 20h40 - Publicado em 19 ago 2024, 19h00

Com a ocorrência de dois acidentes aéreos com vítimas no Brasil em agosto, internautas têm discutido diferentes possibilidades para evitar novos desastres. Em geral, são ideias ingênuas, que já foram consideradas e estudadas e poderiam causar mais prejuízos do que ganhos. É o caso do cenário de quem se pergunta por que as companhias aéreas não disponibilizam paraquedas para os passageiros usarem em casos de emergência.

Existem alguns motivos que tornam essa opção inviável, incluindo a falta de treinamento de paraquedas para os passageiros, as condições do salto, o design dos aviões comerciais e o aumento de custos.

1. Voos comerciais voam muito alto e muito rápido

No paraquedismo por lazer, mesmo os saltos radicais não ocorrem a uma altura superior a 15 mil pés (ou a 4,5 quilômetros do solo). Em comparação, a maioria dos voos comerciais têm sua altitude de cruzeiro entre 30 e 40 mil pés (entre 9,1 e 12,1 quilômetros).

A essa altitude, o ar é rarefeito e os passageiros precisariam de um tanque de oxigênio, máscara e regulador para evitar desmaiar devido à hipóxia. Eles também precisariam de um traje de voo, capacete balístico e altímetro. Além disso, a velocidade do avião também poderia causar danos instantâneos ao corpo no momento do salto, especialmente à coluna e ao pescoço. 

2. Usar um paraquedas não é simples

Mas e um cenário em que o avião não estivesse tão alto ou tão rápido? Daria para usar um paraquedas?

Esqueça o que os filmes de ação te mostraram: os paraquedas não são simples mochilas que você coloca nas costas, pula e pousa suavemente no solo. Os paraquedistas que saltam de aviões precisam de horas de treinamento e prática. Até no salto tandem, modalidade em que uma pessoa leiga pula junto a um instrutor experiente, exige-se pelo menos meia hora de instruções e treinamentos básicos.

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São dificuldades tanto no processo de vestir o paraquedas e os equipamentos (óculos, capacete) adequadamente quanto no salto em si.

Pense na dificuldade de fazer com que dezenas ou centenas de passageiros coloquem os paraquedas e os equipamentos adicionais de proteção corretamente durante o caos de um acidente aéreo, provavelmente utilizando máscaras de oxigênio. 

Uma alternativa seria vestir os equipamentos antes mesmo do voo começar e utilizá-los durante todo o trajeto: além do tom apocalíptico e desconfortável, a medida seria cara e pouco prática. E, considerando que seriam milhares ou milhões de leigos utilizando paraquedas, é quase inevitável que alguém acionasse o paraquedas acidentalmente, ainda dentro da aeronave. Nesse caso, as consequências poderiam ser desastrosas.

3. O design da aeronave precisaria ser diferente

Mas e um cenário em que o avião não estivesse nem tão alto nem tão rápido, e todos conseguiram vestir seus paraquedas adequadamente?

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Quando paraquedistas militares saltam de seus aviões, eles saem por uma rampa no fundo da aeronave que os tira da rota da fuselagem. Já os que saltam por esporte geralmente partem de aviões pequenos. Nos dois casos, a pessoa já sai de perto do avião bem rápido.

Agora pense em um avião comercial enorme, como o Boeing 747, que tem cerca de 20 metros de altura: ao pular dele, qualquer pessoa correria o risco bastante real de se chocar contra a aeronave, inclusive contra as turbinas. Nesse caso, o risco de ferimentos graves e fatais é quase inevitável.

4. Não é seguro que todo mundo salte de uma vez

Um avião comercial pode ter dezenas ou centenas de passageiros. Mesmo com várias portas de emergência abertas, é improvável que houvesse tempo suficiente para que todos saltassem.

Isso porque nos voos de paraquedismo por lazer, é preciso deixar uma distância entre os saltadores, para que eles não colidam no ar. Geralmente, é preciso esperar que a pessoa já esteja cerca de 150 metros abaixo para que a próxima pule.  Mesmo se todas as dificuldades anteriores estivessem eliminadas, ainda seria necessário um muito tempo, calma, civilidade e organização para que todos saltassem com segurança.

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5. A maior parte dos acidentes ocorre durante o pouso ou a decolagem

O melhor momento para saltar de paraquedas de um avião é durante o voo de cruzeiro, na altitude mais estável e econômica para cada voo. Mas tem mais um fator para dificultar: segundo dados da Boeing, entre 2013 e 2022, apenas 9% dos acidentes aéreos ocorreram durante o voo de cruzeiro.

Estatisticamente, a maior parte dos acidentes ocorre quando o avião está pousando ou decolando, o que deixaria pouco tempo e efetividade para um salto de paraquedas.

6. Paraquedas são caros e espaçosos

Você já viu que não faria sentido contar com os paraquedas como equipamentos de segurança ou de emergência em voos comerciais. Mas mesmo se fossem, ainda haveria dificuldades econômicas e logísticas sérias a serem superadas.

Para conseguir acomodar todos os aviões comerciais com paraquedas, as companhias aéreas precisariam de um grande investimento financeiro que encareceria as passagens. Além disso, o espaço interno das aeronaves precisaria ser remanejado para acomodar os paraquedas, o que poderia diminuir os assentos para passageiros – encarecendo ainda mais.

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Apesar do pânico causado pelos acidentes, é preciso lembrar que a aviação ainda é um dos meios de transporte mais seguros. Em 2022, por exemplo, ocorreram apenas 43 acidentes em um total de 27,7 milhões de voos, resultando na morte de 158 pessoas.

Da próxima vez que você estiver em um avião e pensar na falta de um paraquedas, saiba: você está mais seguro sem ele.

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