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A história e a glória do Rabo de Galo

Junto com a caipirinha, é o mais brasileiríssimo dos drinks. Veja como prepará-lo.

Por Rafael Battaglia
11 jan 2025, 14h00

São Paulo, 1954. No ano do quarto centenário da cidade, e no auge da sua expansão urbana e industrial, a capital paulista recebeu a primeira fábrica brasileira da Cinzano, uma empresa italiana de vermutes fundada em 1757.

Vermute é um vinho fortificado e aromatizado. Para fazê-lo, adiciona-se mais álcool a um vinho convencional, além de ervas e especiarias (a planta mais usada costuma ser absinto). Açúcar e corante também podem entrar na receita. Dá para beber puro, com gelo e, principalmente, misturado em coquetéis.

É uma receita milenar, criada para fins medicinais. Na Grécia Antiga, por exemplo, uma infusão de absinto no vinho servia contra parasitas e problemas intestinais. O uso como remédio se manteve popular na Europa até o século 18 (“vermute” vem de wermut, que é “absinto” em alemão) – depois disso, a bebida passou a ser consumida antes das refeições, especialmente na Itália e na França.

Na Itália, a produção se desenvolveu em Turim, norte do país. Era comum que boticários vendessem concentrados de absinto e outras ervas para que as pessoas fizessem o próprio vermute em casa – em geral, com vinhos mequetrefes. Com o tempo, surgiram empresas que comercializavam a bebida já engarrafada, feita com bons ingredientes.

Nascida em Turim, a Cinzano já exportava para o Brasil desde o começo do século 20, mirando na multidão de imigrantes que vieram para cá – naquela época, mais de um terço da população da cidade de São Paulo era italiana. Com a fábrica local, o objetivo era conquistar também o público brasileiro. E, para isso, a empresa decidiu se associar à bebida símbolo do país: a cachaça.

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A Cinzano, então, desenvolveu um copo de shot com uma marca próxima da base, que servia de medidor: até o primeiro terço, vermute; o resto, cachaça. A invenção foi batizada de “Rabo de Galo”, uma tradução literal de cocktail em inglês (de onde vem a grafia aportuguesada “coquetel”). A bebida pegou e, com o tempo, ganhou variações Brasil afora: a mais comum leva Cynar, licor italiano à base de alcachofra.

Por décadas, o Rabo de Galo foi encarado como um drink simplório, relegado a bares pés-sujos. Isso começou a mudar nos últimos anos, num esforço de bartenders para valorizar preparos nacionais. Em 2017, aconteceu a primeira edição do Concurso Nacional de Rabo de Galo, organizado por Derivan Souza, pioneiro da coquetelaria brasileira. O objetivo era dar visibilidade a várias versões do drink, feitas com ingredientes de primeira. O prêmio segue até hoje, inclusive com uma edição em Portugal.

O esforço de Derivan e cia. deu certo: em julho de 2023, a IBA (Associação Internacional de Bartenders) incluiu o Rabo de Galo na sua seleta carta de coquetéis, que tem 102 drinks e é uma das principais referências da área. Junto à caipirinha, são os dois únicos representantes brasileiros na lista. É da IBA, aliás, a receita que você confere abaixo. Saúde!

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Rabo de Galo

1 – Misture 60 ml de cachaça branca, 15 ml de vermute tinto e 15 ml de Cynar em um copo (já gelado, de preferência).

2 – Se quiser, adicione também duas gotas de Angostura, um concentrado aromático bastante usado na coquetelaria. Não é barato, mas dura muito e dá um tchan aos coquetéis. Vale ter em casa.

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3 – Encha o copo com gelo e mexa suavemente. Finalize com uma tira fina de casca de laranja, mas sem a parte branca – esse já é um drink amargo, você não vai querer amargá-lo ainda mais.

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