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Escócia será o primeiro país a distribuir absorventes gratuitamente

Uma mulher britânica pode gastar até R$ 108 mil em produtos associados à menstruação durante a vida. Agora, os absorventes serão fornecidos como camisinhas.

Por Maria Clara Rossini
6 mar 2020, 19h09

Uma mulher britânica pode gastar mais de £18 mil (R$ 108 mil) durante a vida com produtos relacionados à menstruação. Absorventes, tampões, remédios para cólica, bolsa de água quente e calcinhas novas são pequenos gastos mensais que somam uma fortuna ao longo do período menstrual da mulher, que vai da primeira menstruação (por volta dos 12 anos de idade) até a menopausa (cerca de 50 anos). Isso, é claro, sem contar os anticoncepcionais.

No Reino Unido, uma em cada dez jovens não tem como arcar com os gastos da menstruação. A questão é chamada de “period poverty”, ou precariedade menstrual. É o que leva mulheres do mundo todo a usarem papel higiênico, sacolas de plástico, pedaços de pano, algodão e outros materiais para conter o fluxo mensal.

Diferentemente das camisinhas, nenhum país faz distribuição gratuita de absorventes em espaços comuns atualmente. Mas isso pode estar prestes a mudar. A Escócia aprovou – com 112 votos a favor, nenhum contra e uma abstenção – um projeto de lei que regulariza o fornecimento de absorventes para mulheres de todas as idades.

Os absorventes já são distribuídos gratuitamente nos banheiros de escolas e universidades do país desde 2018. A diferença é que, com a nova lei, eles passariam a ser disponibilizados também em farmácias, centros comunitários, clubes e locais públicos.

A lei ainda precisa ser analisada em outras instâncias antes de ser entrar em vigor. Um dos pontos que devem ser revistos são os gastos com a nova política pública, que deve custar 24 milhões de libras anualmente ao governo (aproximadamente 148 milhões de reais).

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Por outro lado, o Reino Unido arrecada uma boa grana com os impostos sobre absorventes. Na União Europeia, eles são listados como “itens de luxo” dentro da classe de produtos sanitários, e recebem 5% de taxação. Dessa arrecadação, 62 milhões de libras foram revertidos para entidades de caridade desde 2015.

O projeto de expansão do acesso aos produtos foi apresentado em 2019 pela parlamentar Monica Lennon. “Não é raro que mulheres e garotas sejam deixadas para trás no processo político. Essa é a chance de colocá-las em primeiro lugar e fazer algo que é realmente impactante para a igualdade de gênero”, disse ela durante o debate no parlamento.

O Brasil ainda está dando os primeiros passos nesse sentido. A deputada Tabata Amaral propôs um projeto de lei que prevê distribuição gratuita de absorventes para mulheres vulneráveis em espaços públicos.

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