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Homofobia está relacionada a problemas de cognição

Uma pesquisa australiana colocou mais de 11 mil participantes sob uma bateria gigantesca de testes para chegar a essa conclusão

Por Felipe Germano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 5 jun 2018, 19h23 - Publicado em 5 jun 2018, 18h07

Incômodo com as fotos da Parada LGBT, piadas ridicularizando qualquer pessoa que não seja heterossexual, e agressões contra minorias podem significar mais do que se imagina. De acordo com um novo estudo australiano, a homofobia não é apenas um exemplo de violência – ela pode ser um sinal de que o agressor tem problemas cognitivos.

A pesquisa analisou mais de 11.600 australianos, e os submeteu à três diferentes testes. Todos com o objetivo de analisar as habilidades cognitivas dos entrevistados. Um deles foi o BDS (sigla em inglês para Espaçamento de Dígitos Regressivos). Durante o exercício, um examinador dita números e, em seguida, pede que o paciente os repita de trás pra frente. É um dos exames mais usuais para avaliar a capacidade de memorização de uma pessoa.

Outro teste foi o chamado Nart (abreviação em inglês do Exame Nacional de Leitura). Nele, são apresentadas um conjunto de palavras escritas errado – e cabe ao entrevistado apontar onde estão os erros. O Nart foi desenvolvido nos anos 1980 e desde então é constantemente usado para checar, por exemplo, se houve algum tipo de problema cognitivo após acidentes envolvendo o cérebro, ou até mesmo depois de um diagnóstico de Alzheimer.

A última análise foi feita usando uma técnica conhecida como Teste das Modalidades de Dígitos (SDMT). A prova analisa se há alguma disfunção cognitiva ao pedir para o paciente relacionar números com símbolos. Se o 2 é uma lua, por exemplo, ele deve desenhar nosso satélite sempre que o número aparecer.

Por fim, as pessoas testadas também tinham que analisar a frase “Casais homossexuais deveriam ter os mesmos direitos que os heterossexuais”. O objetivo era que elas avaliassem a afirmação em uma escala de 1 a 7. Se discordassem completamente da igualdade, deveriam dar a nota mais baixa; se concordassem 100%, colocavam o sete como resposta.

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Os resultados convergiram: os voluntários com as menores notas eram justamente os mais propícios a serem contra as uniões homoafetivas. No outro lado da tabela, a conclusão se reforçava: quanto melhor ia o participante, maiores as chances dele ser a favor dos direitos LGBT. “As descobertas são uma clara evidência de que a habilidade cognitiva [reduzida] é um importante precursor de preconceito contra casais homossexuais”, afirma Francisco Perales, pesquisador da Universidade de Queensland e responsável pelo estudo. “Uma maior cognição nos leva a um menor preconceito”, conclui.

A pesquisa ainda apontou que pessoas contra os direitos homoafetivos eram especialmente mal avaliadas quando suas habilidades verbais que estavam sendo analisadas. Mesmo quando eles levavam em conta a classe econômica dos entrevistados e outros fatores que poderiam afetar o resultado, ainda assim a cognição era uma característica decisiva para o preconceito.

A ideia é que a pesquise ajude governos a compreender como a homofobia se instala na sociedade, para ajudar a estabelecer projetos que protejam as vítimas do preconceito. “Sob essas circunstâncias, entender as influências da discriminação contra casais homossexuais é importante para elaborar estratégias políticas  para aproximar a opinião pública e, finalmente, melhorar a vida de um grupo tão vulnerável quanto os LGBT”, afirma Perales. “Os resultados sugerem que estratégias com foco em aumentar a educação da população e melhorar os níveis cognitivos da mesma, podem agir como ação importantes no combate da homofobia”, finaliza.

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