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Por que japoneses querem esconder o monte Fuji?

Uma enorme cortina foi construída em cima de uma loja de conveniências para barrar o cartão-postal do país de fotógrafos e demais turistas. Entenda por quê.

Por Eduardo Lima
Atualizado em 28 Maio 2024, 12h09 - Publicado em 27 Maio 2024, 16h00
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  • Loja de conveniências com montanha ao fundo.
     (Matt Liu/Unsplash/Reprodução)

    Um dos pontos turísticos mais procurados no Japão até o começo do mês era… uma loja de conveniência chamada Lawson. Ela fica na pequena cidade de Fuji-Kawaguchiko, a 50 quilômetros de Tóquio.

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    Mas não há nada nos produtos e comidas da lojinha que atraiam os turistas. Na verdade, os viajantes queriam tirar fotos da fachada do estabelecimento, que parecia completar e servir de base para o monte Fuji, a montanha mais alta de todo o arquipélago japonês, com 3.776 metros.

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    Agora, a prefeitura da cidade instalou uma cortina preta para barrar os turistas que vão até a área para conseguir suas fotos perfeitas com o Fuji. A barreira tem 2,5 metros de altura e 20 metros de comprimento, bloqueando a vista da loja e da montanha.

    Cortinas pretas postas em frente a uma loja de conveniência, na calçada oposta.
    (Anadolu/Getty Images/Reprodução)

    As fotos com a Lawson como “base” do monte Fuji começaram a viralizar em 2022. Desde então, os moradores locais começaram a reclamar dos turistas, que, segundo eles, traziam sujeira, às vezes agiam com falta de educação e estacionavam de forma ilegal.

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    Um consultório de dentista de frente à Lawson foi o local que provavelmente mais sofreu com os visitantes. A entrada da clínica era constantemente bloqueada, e há relatos de gente subindo no teto do consultório para conseguir uma foto melhor com o Fuji de cenário.

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    Era comum ver os funcionários da loja gritando com os turistas para que saíssem da frente do comércio. Agora, a cortina pode fazer esse trabalho sozinha.

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    Além desse bloqueio, as caminhadas ao redor do Fuji também foram restritas e começaram a ser cobradas. A medida veio após um congestionamento de alpinistas em 2023, que deixou feridos e mais lixo na montanha. A taxa da trilha Yoshida, a mais popular das quatro rotas possíveis para subir o monte, é de 2 mil ienes (R$ 66).

    Montanha sagrada

    O monte Fuji é um vulcão ativo com baixo risco de erupção. Um dos símbolos mais famosos do Japão, a montanha pode ser vista de Tóquio em dias com o céu limpo. Estima-se que ele surgiu há uns 2,6 milhões de anos. Seu visual atual, contudo, tomou forma nos últimos 100 mil anos, resultado de intensa atividade vulcânica.

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    Segundo a lenda local, Hasegawa Kakugyo subiu o Fuji mais de cem vezes entre os séculos 16 e 17. Assim começou a Fuji-ko, uma seita de adoradores do monte, que foi proibida por seu fanatismo. Mesmo depois da proibição, a ideia da montanha como um lugar de importância espiritual continuou. Hoje, 200 mil pessoas escalam o monte Fuji anualmente.

    Há algumas correntes taoistas que acreditam que o nome do monte significa “imortal”, e que o vulcão abriga o segredo da imortalidade. Já na floresta aos pés da montanha, Aokigahara, encontra-se o local de suicídio mais popular do mundo.

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    O vulcão inspirou algumas das obras mais importantes da história da arte japonesa. O artista Katsushika Hokusai (1760-1849) criou uma série chamada “Trinta e seis vistas do monte Fuji”. Apesar do nome, ela apresenta 46 desenhos da montanha de ângulos diferentes, aparecendo de perto ou de longe. Quando chegaram na Europa, essas obras inspiraram o trabalho e estilo de Vincent Van Gogh (1853-1890).

    Pintura
    (Wikimedia Commons/Reprodução)

    Resta saber quantos ângulos Hokusai conseguiria reproduzir se, naquela época, já tivessem instalado cortinas como a de agora.

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