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Relógio que prevê o fim do mundo acaba de ser adiantado

Estamos tão próximos de uma catástrofe quanto na Guerra Fria - entre os responsáveis, estão o aquecimento global, a Inteligência artificial e Donald Trump

Por Ana Carolina Leonardi Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 11 mar 2024, 13h21 - Publicado em 26 jan 2017, 18h00

Estamos a 2 minutos e meio do Apocalipse. É o que estima o comitê do Boletim de Cientistas Atômicos, responsável por ajustar, anualmente, o Relógio do Juízo Final. Mas atenção: estes 2 minutos e meio não são literais e sim um símbolo de quão próximos estamos de uma catástrofe mundial.

O Relógio surgiu há 70 anos, em 1947, criado por cientistas que participaram do Projeto Manhattam, aquele mesmo, da bomba atômica. Em um mundo ameaçado por uma guerra nuclear, eles criaram um índice: meia noite representava o Fim do Mundo, o Conflito Final. Em 1947, estávamos a 7 minutos da meia noite.

Esse número é atualizado todo ano, de acordo com os esforços mundiais para tornar o mundo um lugar mais ou menos seguro. Em 1953, com URSS e EUA testando bombas de hidrogênio por todos os lados, chegamos ao mais próximo do Fim: 23h58.

De lá para cá, as coisas pareciam melhorar. 1991 foi o ano mais distante da meia noite, e o Relógio marcou 23h43. Mas, desde 2015, voltou ao clima da Guerra Fria, marcando 3 minutos para meia noite. Em 2017, o perigo aumentou: o relógio foi adiantado em 30 segundo. É a primeira vez na história que ele não é alterado em um minuto completo. A 2 minutos e meio da meia noite, estamos no momento global mais tenso desde 1953.

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Não existe nada de místico neste relógio: o horário que ele marca é completamente arbitrário. Porém, é decidido por um grupo de mente geniais – 15 dos membros do comitê venceram o Nobel. O grupo analisa a conjuntura mundial e decide o quão vulneráveis estamos a uma catástrofe planetária. Este ano, eles consideraram que o mundo está mais ameaçado que nos últimos anos – por conta de um combo de inação, desinformação e má gestão.

Ameaça nuclear

Hoje em dia, a análise do Boletim não se limita aos armamentos nucleares, mas eles seguem sendo uma ameaça importante à segurança no globo. Em 2017, os cientistas atômicos denunciaram a falta de incentivos à restrição dessas armas e acusaram os Estados Unidos e a Rússia de estimularem uma nova corrida armamentista, por seguirem modernizando sem parar os seus arsenais. A Coreia do Norte também entra como um fator preocupante, tendo completado seu quinto teste nuclear recentemente.

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Aquecimento global

Entre ameaças à sociedade global, as mudanças climáticas estão no mesmo patamar da Bomba Atômica para os cientistas do Relógio. E eles são incisivos ao afirmar que as lideranças mundiais não estão fazendo o suficiente para combatê-lo.

Caixa de Pandora da Ciência

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Para além dos riscos presentes, a inteligência artificial e a “independência” das máquinas foram tidas pelo grupo de cientistas como potenciais perigos para o futuro da humanidade, caso não haja um esforço mundial para delimitar o quanto essas tecnologias poderão se desenvolver sem a interferência humana. O alerta do time se refere especialmente ao lado “moral” da inteligência artificial, e pede uma reflexão profunda sobre a permissão de dar às máquinas autoridade sobre a vida humana.

Desinformação

Na mesma linha da Universidade de Oxford, que escolheu “pós-verdade” como palavra do ano em 2016, o Comitê do Relógio colocou a desinformação e a repercussão de notícias falsas como potencializadoras de desastres em grande escala. O exemplo citado é revelador: no ano passado, uma notícia falsa atribuiu a um ministro israelense uma ameaça ao Paquistão. O ministro paquistanês acreditou – e lembrou o mundo de que eles também têm armas nucleares. Para deixar clara a tensão de um mundo de pós-verdades, vale acrescentar que a resposta inflamatória do Paquistão não foi feita em pronunciamento oficial, e sim pelo Twitter. E, falando nisso…

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Donald Trump

O Boletim dos Cientistas Atômicos não é nada discreto ao declarar que a eleição de Donald Trump tornou o mundo um lugar menos seguro. Trump é ligado a todos os problemas citados anteriormente – sua negação pública do aquecimento global é descrita como um enorme empecilho na luta contra a mudança climática. Sua declarações impulsivas sobre armamentos nucleares, seja ameaçando outros países, seja declarando a necessidade de aumentar o arsenal americano, tornam ainda mais urgente a necessidade de limitar o uso desse tipo de poderio militar. E, por fim, sua política feita via Twitter e apoio à rumores é exemplo claro da Era da Pós-Verdade.

O Comitê fala, com todas as letras, que só mudou o relógio 30 segundos porque Trump acaba de assumir o cargo e ainda não terminou de anunciar sua equipe. O que fica implícito é que eles acham que podemos estar ainda mais perto da meia noite do que o próprio Relógio do Juízo Final já mostra.

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Revolução?

O tom de urgência do Anúncio do Relógio de 2017 é proposital: a ideia é chamar lideranças mundiais e cidadãos à ação imediata. O relatório pede medidas rápidas para a limitação dos arsenais nucleares, intervenções (pacíficas) contra a Coreia do Norte e ajuda financeira aos países subdesenvolvidos para a diminuição da emissão de carbono e o investimento em energia limpa. Exige ainda uma retratação imediata de Donald Trump quanto ao aquecimento global e a retomada dos esforços americanos quanto ao Acordo de Paris.

Mas o ritmo inflamatório do texto chega ao ápice no final: “O relógio está correndo, o perigo global se aproxima. Líderes sábios do poder público precisam agir já, guiando a humanidade para longe do abismo. Se não fizerem isso, os cidadãos sábios devem tomar a frente e mostrar o caminho”. Seria liberdade poética ou o Boletim de Cientistas Atômicos está chamando para uma revolução anarquista?

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