Para lançar um veículo espacial, os cientistas baseiam seus cálculos no chamado Sistema Fundamental de Referência em Astronomia. Trata-se de um catálogo com a posição das galáxias, compilado a partir da observação sistemática de determinadas estrelas. Atualmente em sua quinta versão, o catálogo da o endereço de 1700 estrelas, usadas como referência para achar o CEP de outros astros. Para quem estuda o Universo, porém, isso ainda é insuficiente – e vai se tornar pouco importante: a Agência Espacial do Europa (ESA) deve lançar em junho de 1989, da base de Kourou, na Guiana Francesa, o satélite Hipparcos, que em dois anos e meio deverá catalogar as posições de 120 mil estrelas.
Hipparcos, do inglês High Precision Parallax Colleting Satellite, ou Satélite Coletor de Paralaxe de Alta Precisão, é também uma homenagem ao astrônomo o grego Hiparco, que, dois séculos antes da era cristã, foi a primeira determinar a posição de estrelas no céu. Para o astrônomo Luiz Bernardo Clauzet, da Universidade de São Paulo, o satélite vai desencadear uma revolução: “Além de multiplicar quase por 100 o número de estrelas de referência, terá uma precisão dez vezes maior que a do instrumental óptico da Terra”.