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A passagem do cometa periódico Encke

Características do cometa periódico Encke, que aparece todos os anos e tem o mais curto período de revolução que se conhece.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h36 - Publicado em 30 set 1990, 22h00

Ronaldo Rogério de Freitas Mourão

Será a melhor aparição do cometa Encke desde outubro de 1980, no céu matutino. Ele estará próximo ao horizonte leste antes do amanhecer, durante a segunda quinzena do mês de outubro, quando deverá atingir seu brilho máximo, que pode variar de sexta a sétima magnitude. É um cometa periódico, ou seja, aparecem todos os anos e tem o mais curto período de revolução que se conhece. Os cometas de período curto completam uma volta em torno do Sol em alguns anos somente entre os planetas do sistema solar interior.
Quando foi descoberto pelo astrônomo francês Pierre Méchain (1744-1804) em Paris, na noite de 17 de janeiro de 1786, o cometa descrevia uma órbita cada vez mais próxima do Sol, mais próxima que o planeta mais interior, Mercúrio. Mas, Méchain não teve sorte, pois, no dia seguinte, as más condições do tempo na cidade não permitiram que ele voltasse a observá-lo. No dia 19 daquele mês, o astrônomo francês Charles Messier observou o cometa.
Anos mais tarde, em 7 de novembro de 1795, a astrônoma inglesa Caroline Herschel (1750-1848) o redescobriu. Dez anos depois, em 19 de outubro de 1805, os astrônomos franceses Jean-Louis Pons (1761-1831) e Jacques-Joseph-Claude Thulis (1748-1810) o redescobriu também. Em 1818, Pons sugeriu que talvez se tratasse de um cometa periódico. No ano seguinte, o astrônomo alemão Johann Franz Encke (1791-1865), então diretor do Observatório de Berlim, tentou calcular a órbita desse cometa e demonstrou que ele possuía um período de somente três anos e meio, órbita semelhante às dos cometas observados por Méchaisn, Caroline Herschel, Pons e Thulis.
Com base nisso, Enche previu seu retorno para maio de 1822. De fato, em 2 de junho daquele ano, o astrônomo alemão Karl Rumker (1788-1862), fazendo observações em Parramatta, perto de Sydney, na Austrália, encontrou o cometa que a partir daí foi chamado de Encke, em homenagem ao astrônomo que determinou sua órbita e seu caráter periódico. Desde que foi descoberto, em 1786, até hoje foram registradas mais de cinqüenta passagens periélias (mais próximas do Sol) desse cometa.

Com o aperfeiçoamento das técnicas de observação foi possível vê-lo mesmo no seu afélio (ponto mais afastado do Sol), como ocorreu pela primeira vez em setembro de 1972. A astrônoma americana Elizabeth Roemer, com o telescópio de 229 centímetros do Observatório Kitt Peak, no Arizona, Estados Unidos, conseguiu, numa exposição fotográfica de hora e meia, registrar a imagem do cometa cuja magnitude aparente Ra 20,5. Esse sucesso confirmou um antiga observação do Encke feita em 1913 pelo astrônomo americano Francis Gladheim (1881-1938) em Monte Wilson, que numa exposição fotográfica de 3 horas e meia também captara sua imagem. O estudo do movimento do Encke mostrou em 1823, pela primeira vez, que a cada revolução seu período orbital diminuía ao longo do tempo, em quantidades maiores ou menores. Em 1800, por exemplo, a variação do seu período foi de 3 horas e meia e hoje é da ordem de 20 minutos. Naquela época, diversas explicações foram propostas, pois afinal, os cometa, considerados a prova de um lei precisa e universal de gravitação, tinham um companheiro (o Encke) que questionava essa verdade.

Surpresos, a maioria dos cientistas dizia que a gravitação era válida, mas naquele caso específico havia uma força adicional. Hoje, fala-se do efeito proveniente de forças não-gravitacionais que aparecem na maior parte dos cometas periódicos. Embora sua passagem pelo periélio tivesse lugar em março de 1984, em dezembro de 1983 foi possível observá-lo, pois atingiu a magnitude 13. Alguns cientistas acreditam que foi uma pequena parte do Encke que explodiu na atmosfera da Sibéria central, a nordeste da Rússia, em 1908, causando um incêndio de grandes proporções na floresta de Tunguska, aniquilando árvores numa área de 500 quilômetros quadrados.

 

Ronaldo Rogério de Freitas Mourão é astrônomo e membro da União Astronômica Internacional

 



Eventos do Mês

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Constelações

O mais belo aglomerado do céu, depois de Ômega do Centauro, está na constelação de Tucano. É o Xi do Tucano, situado a oeste da Pequena Nuvem de Magalhães, visível à vista desarmada como uma estrela de quinta magnitude. Ao telescópio esse aglomerado aprece como uma massa circular e compactada de estrelas.

 

 

Meteoros

No dia 13, ocorre a máxima atividade dos Piscídeos, visíveis com radiante na constelação de Peixes. Esse enxame estará perto do zênite às 23 horas e 30 minutos. A freqüência por hora ainda é desconhecida. No dia 15, às 23 horas e 30 minutos, estarão visíveis no zênite os meteoros do enxame Cetídeos que atingem o seu máximo, com radiante na constelação de Baleia. No dia 21, ocorre o máximo da chuva de meteoros Orionídeos, com radiante na constelação de Orion. São rápidos, amarelo-esverdeados e deixam rastros após sua passagem. Essa chuva estará no zênite às 3 horas e 30 minutos. A taxa horária de 22 meteoros. Melhor observá-los quando a Lua estiver abaixo do horizonte.

 

 

Fases da Lua

Lua cheia , dia 4, às 9h02min; quarto minguante, dia 11, às 0h31min; Lua nova, dia 18, às 12h37min; quarto crescente, dia 26, às 17h26min. A luz cinzenta pode ser observada entre os dias 19 e 20.

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Planetas

Mercúrio: melhor observá-lo no céu matutino antes do nascer do Sol, nos primeiros dez dias do mês (magnitude: -0,9). Sua conjunção com o Sol ocorre no dia 22, quando será impossível observá-lo.

Vênus: será o objeto mais brilhante do céu matutino, antes do nascer do Sol, do lado leste (magnitude: -0,37), até medos do mês. Sua conjunção com o Sol ocorre em 1º de novembro.

Urano: visível na constelação de Sagitário (magnitude: +6,0), com uma luneta, logo após o pôr-do-sol até às 23h30min, quando o planeta de põe.

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Marte: visível na constelação de Touro, antes da meia-noite, do lado leste (magnitude: -1,1).

Júpiter: visível n na constelação de Câncer, de madrugada depois das 2 horas, no início do mês (magnitude: 1,6), horários em que o planeta nasce.

Saturno: visível na constelação Sagitário, logo após o pôr-do-sol (magnitude: +0,7) à 0h50min no início o mês e até as 23h30min no fim do mês quando o planeta de põe.

Netuno: visível com uma luneta na constelação de Sagitário, logo após o pôr-do-sol (magnitude: +7,8) até à 0h15min no início do mês e no fim do mês às 22h5omin, horários nos quais o planeta se põe.

Para os iniciantes, o melhor ponto de referência para localizar os planetas é a Lua. No dia 8, Marte está ao sul; no dia 12, Júpiter está ao norte; no dia 24, Urano e Netuno estão ao norte e no dia 25, Saturno está ao norte.

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