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À procura do pulsar da Supernova 1987A

Novas descobertas sobre a Supernova 1987A.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h35 - Publicado em 31 out 1989, 22h00

Ronaldo Rogério de Freitas Mourão

A existência das estrelas de nêutrons — astros muito compactos constituídos, como o nome indica, exclusivamente de nêutrons — foi imaginada pelo físico soviético Lev Landau, em 1932, e estudada em detalhes pelos físicos J. Robert Oppenheimer, Robert Serber e George M. Volkoff, de 1938 a 1939. Durante muitos anos, os astrônomos duvidaram da existência dessas estrelas até que em 1967 foi descoberto o primeiro pulsar. Ou seja, uma fonte radioestelar que emite pulsos de duração média de milésimos de segundo, que se repetem a intervalos extremamente regulares, da ordem de 1,4 segundo. Desde então, os astrônomos interpretam as centenas de pulsares observados como estrelas de nêutrons em rotação muito rápida sobre seu próprio eixo.

Os modelos estelares prevêem que quando uma supernova explode libera uma forte energia sob a forma de neutrinos. Ao mesmo tempo, expulsa o seu envoltório e, provavelmente, desenvolve no seu interior uma estrela de nêutrons. Por isso, quando em 24 de fevereiro de 1987 explodiu a supernova do século, a 1987A, a 150 mil anos-luz da Terra, os astrônomos previram o nascimento de um pulsar (SUPERINTERESSANTE números 1 e 2, ano 2). Quase dois anos depois, em janeiro último, um grupo de astrônomos americanos, liberados por John Middleditch, do Laboratório de Los Álamos, no Texas, e Tim P. Sassem, do Laboratório Lawrence Berkeley, na Califórnia, anunciou ter detectado no telescópio de 4 metros de diâmetro do Observatório Cerro Tololo, no Chile, o pulsar há tanto tempo procurado.

A descoberta continha uma surpresa extra: a rotação do pulsar era muito superior à esperada – verdadeiramente excepcional. Durante sete horas de observação, o novo pulsar pulsou surpreendentemente com 1968,629 ciclos por segundo, repetindo as pulsações a cada meio milissegundo (0,0005 segundo). De acordo com as teorias atualmente aceitas, um pulsar tão jovem ( com apenas dois anos de existência) não deveria girar tão rápido. Além do mais, deveria ser bem mais luminoso.As observações parecem indicar que ele possui um companheiro, o que constitui um enigma adicional. Para alguns astrofísicos, um objeto girando a essa velocidade está no limite da desintegração, sob o efeito da força centrifuga. Há ainda outro problema que advém da formação do pulsar. Os astrônomos admitem, com base na conservação do momento angular, que, se o caroço resultante do colapso da supernova-mae decresce em tamanho por um fator de 100 a 1100 ( de algumas centenas de quilômetros de raio a dez quilômetros), seu período de rotação proporcionalmente decrescerá segundo um fator entre 10 mil e 1 milhão. Ora, se o pulsar gira ao redor do seu eixo em 0,0005 segundo, isto significa que o período de rotação do caroço foi de dez minutos. Tal valor é muito rápido para uma estrela supergigante como a Sanduleak (-69º202), por exemplo. De acordo com os astrônomos, seu período de rotação dura alguns dias. Para confirmar a descoberta e elucidar algumas duvidas relativas às observações dos americanos, um grupo de astrônomos europeus, liderados por K. Ogelman, tentou estudar o pulsar da Supernova 1987A .

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Apesar de longas horas de observação em fevereiro último, eles não conseguiram detectar nenhum pulsar. Em meados de março, Middleditch e seus colegas, fazendo novas observações, também não encontraram nenhum sinal do pulsar de modo intermitente. Por outro lado, em 16 de março, os astrônomos Arlin P. Crotts e William E. Kunkel descobriram dois novos halos elípticos ao redor da supernova. O maior dos dois anéis está a 200 dias-luz da supernova e o menor, a um ano-luz. Existem ainda outros pontos de difícil explicação e talvez fosse o caso de procurar rever as idéias sobre supernovas e/ou sobre pulsares.

O astrônomo Ronaldo Rogério de Freitas Mourão é membro da Comissão de Estrelas Múltiplas e Duplas, de História de Astronomia e de Asteróides e Cometas da União Astronômica Internacional

Eventos do mês

Meteoros

Entre os dias 12 e 21 de novembro, vão aparecer meteoros do enxame Leonideos, famosa chuva de estrelas cadentes observada pela primeira vez por Alexander von Humboldt, em 1799, na Venezuela. Seu radiante está situado na constelação de Leão. Tais meteoros são rápidos, amarelo-esverdeados, deixando rastros muito tênues. A freqüência é variável, o que justifica observá-los anualmente em noites sem luar e longe das luzes das cidades.

Sol
A superfície solar, próxima a sua máxima atividade, que ocorre a cada onze anos, apresenta numerosas manchas. Algumas podem ser observadas a olho nu, tornando-se o cuidado de proteger a vista com filtros especiais ou com a parte mais escura de uma chapa de raios X inutilizada.

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Fases da Lua

Quarto crescente dia 6, às 1lhl1min; lua cheia, dia 3, às 2h5lmin; quarto minguante, dia 20, à 1h44min; lua nova, dia 28, às 6h4lmin. A região de luz cinzenta da Lua, chamada Lua cinzenta, poderá ser observada entre 29 de novembro e 2 de dezembro. Nos dias e 2, a estrela Antares e o planeta Vênus estarão em conjunção, tornando a observação da Lua cinzenta ainda mais interessante.

Planetas

Vênus: Na constelação de Sagitário, será visível durante todo o mês como astro vespertino, logo após o pôr-do-sol, do lado oeste (magnitude: – 4,5). Atingirá seu maior afastamento do Sol no dia 8. No dia 15, Vênus estará em conjunção com Saturno, na constelação de Sagitário.

Saturno: Visível na constelação de Sagitário como astro vespertino até fins de dezembro, do lado oeste (magnitude: 0,6). No dia 15 estará muito próximo a Vênus.

Júpiter: Visível durante quase toda a noite, na constelação de Gêmeos, com brilho intenso (magnitude: –2,6).

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Urano: Visível na constelação de Sagitário como astro vespertino até o início de dezembro, do lado oeste (magnitude: 6,0).


Netuno:
Visível na constelação de Sagitário, no céu vespertino, até meados de dezembro (magnitude: 8,0). Para os iniciantes é bom lembrar que não será difícil reconhecer os planetas, já que seu brilho é fixo, não cintilam, e o melhor ponto de referência é a Lua. No dia 2, Vênus estará ao norte da Lua; no dia 3, Urano, Saturno e Netuno estarão ao norte da Lua; no dia 26, Marte estará ao norte da Lua; e, no dia 30, Urano estará ao norte.

Marte: Ainda muito próximo ao Sol, Marte (abaixo) será visível deslocando-se da constelação de Virgem para Libra em meados do mês, como astro matutino, antes do nascer do Sol, do lado leste (magnitude: 1,6).

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