Por Sérgio Gwercman
Se você quer entender o que fez de Steve Jobs um cara genial, não olhe para a Apple. Olhe para a concorrência. Porque entre smartphones, tablets e notebooks, tudo que está no mercado foi influenciado pela visão que ele tinha da tecnologia. E esse foi seu mérito: ao conceber produtos cada vez mais simples de usar, Jobs apontou o caminho que a indústria tecnológica deveria seguir.
Mas isso não significa que todas as suas invenções revolucionaram o planeta. Steve Jobs não é um gênio por ter feito celulares bonitinhos. Esse foi o motivo pelo qual ele ficou bilionário. Ele tampouco merece ser endeusado por reinventar os filmes de animação – o mundo estaria em paz sem Buzz Lightyear. Criar o iPod? Um trabalho sublime, mas coloquemos as coisas sob perspectiva: há milhares de invenções mais importantes.
As ideias que fizeram de Steve Jobs alguém que definiu nossos tempos foram apenas três. Mas elas causaram impactos gigantescos. Não se via algo assim desde a revolução cultural dos anos 60. A primeira é o PC. Antes do lançamento do Apple II e do Macintosh, na virada dos anos 80, computadores eram coisas complexas demais, usadas apenas por engenheiros, ou inúteis demais, usadas apenas por nerds. Jobs adicionou o mouse e uma navegação simples o suficiente para ser compreendida por mortais. E assim definiu o que deveria ser um computador para uso pessoal – o passo decisivo para todos estarmos conectados hoje.
A segunda ideia foi levar a internet para o seu bolso. O conceito do iPhone foi seguido por todos os fabricantes. Quando cada pessoa tiver um smartphone no bolso, e isso é uma questão de tempo, vamos ver uma mudança equivalente à da chegada da internet nas nossas casas.
E tem a terceira ideia, tão radical quanto óbvia: acabar com as duas anteriores. Ou juntá-las numa só. Aconteceu no lançamento do iPad – o embrião do mundo pós-PC. Muita gente duvida, mas eu aposto: em alguns anos, o principal computador da maioria das pessoas, em casa e no trabalho, será um tablet. E, quando o mundo mudar novamente, mais uma vez ele terá sido o responsável.
Para você entender a importância dessas transformações, nós fizemos um infográfico que mostra o lugar de Jobs entre os grandes inventores – vai ficar mais claro o quanto ele, Thomas Edison e Arquimedes têm em comum. Está na pág. 28. Também percorremos toda a biografia dele numa edição extra: de gênio temperamental a visionário da tecnologia. Já está nas bancas.
Um grande abraço.