Aviões verdes
Um vôo intercontinental pode lançar tanto carbono na atmosfera quanto seu carro faria em 120 anos. Como diminuir isso? Veja aqui
Texto José Sérgio Osse
SUTIÃ PARA A FUSELAGEM
Para fazer um avião que gaste menos combustível, diminua o peso dele. É o que um time de engenheiros do Instituto Politécnico da Virgínia, nos EUA, resolveu tentar. Após 3 anos de estudos, eles concluíram este projeto aqui, o do avião com um “exoesqueleto” para sustentar as asas. Bom, uma asa de avião precisa agüentar ventos de 1 000 km/h e turbulências titânicas. Então precisa ser forte. E força significa peso. O ponto desta estrutura, então, é deixar as asas resistentes sem que elas precisem ser tão robustas quanto as de hoje. Resultado: asas dois terços mais leves e uma economia de 25% – ou 15 000 litros de querosene a menos num vôo intercontinental. Em termos de CO2, seria como tirar 140 carros das ruas por um ano. E se você imaginar que 85 000 aviões comerciais decolam todo dia…
ARRAIA VOADORA
Outro jeito de tornar o avião menos poluente é dar um tapa na aerodinâmica. Com formas mais suaves, o atrito com o ar diminui e a aeronave precisa de menos combustível para vencer a resistência. A solução aqui do lado não é nova. Começou a ser testada nos anos 40 e está no econômico e silencioso bombardeiro B2 do tipo stealth (“furtivo”), aquele invisível aos radares. A idéia de aplicar este desenho às aeronaves civis é de um consórcio formado por universidades e fabricantes de aviões (MIT e Boeing à frente). O objetivo deles era desenhar um avião menos barulhento, e os cálculos trouxeram uma surpresa: o tal “avião silencioso” gastaria 25% menos querosene. Só tem um problema: tirar do papel os aviões desta página custaria bilhões de dólares. E ninguém quer arriscar. A maioria, então, prefere manter os pés no chão, como diz o engenheiro Satoshi Yokota, vice-presidente da Embraer: “Podemos esperar um ganho de 10% na eficiência dos combustíveis nos próximos 10 anos. Mas boa parte disso virá de motores mais econômicos”.