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Bill Gates é cobaia de pesquisa para exterminar fedor de banheiro

Ele está liderando uma campanha supertecnológica para entender o que torna privadas tão fedidas - e melhorar a vida de 1 bilhão de pessoas no processo.

Por Ana Carolina Leonardi Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 24 nov 2016, 13h26 - Publicado em 24 nov 2016, 13h25

Se você precisa de um cara para transformar uma curiosidade em uma campanha mundial com impacto social, chame o Bill Gates. O fundador da Microsoft está liderando uma pesquisa para diminuir os problemas sanitários de países pobres, motivada por uma simples pergunta: por que raios privadas são tão fedidas?

Quem ficou responsável por responder essa questão foi a Firmenich, a segunda maior empresa do mundo no setor de aromas e perfumes para comidas e produtos de higiene pessoal.

Se você saiu de casa, passou por uma padaria, um restaurante e uma sala que acabou de ser limpa, é bem possível que tenha sentido cheiros que a Firmenich foi responsável por criar em laboratório. Mas o desafio da empresa suíça foi conseguir criar um Perfume de Excremento.

O odor de um banheiro é muito mais complexo que parece: as privadas liberam mais de 200 compostos químicos. A empresa precisou isolar cada um deles e entender quais são os responsáveis pelo cheiro ruim.

Eles encontraram quatro principais culpados: o indol, o p-cresol, o dimetil-trisulfeto e o ácido butanoico. Mas, como cheiros de banheiro variam de acordo com a dieta, os pesquisadores criaram um aroma com esses quatro compostos e foram testá-lo com diferentes culturas na Suíça, na Índia e na África.

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O resultado desse teste foi um Fedor Universal de Privada, que o Bill Gates estava apreciando na foto acima em sua visita à empresa. E para que todo esse trabalho para criar um perfume de cocô? Para exterminá-lo, é claro.

O problema
A Fundação Gates está tentando solucionar os problemas sanitários em países pobres na África e na Ásia. São um bilhão de pessoas que não tem acesso a banheiros regularmente e acabam fazendo suas necessidades em locais abertos. Só na Índia, 70% das residências não têm banheiro.

Não é a primeira vez que se pensa em formas tecnológicas de contra-atacar o problema: o Google, na Índia, lançou uma ferramenta no Maps que indica onde fica o banheiro público mais próximo.

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O que a Fundação Gates e a Firmenich perceberam, no entanto, é que mesmo que a pessoa saiba onde há um banheiro próximo e mesmo que se construam milhões de novos banheiros, a população não vai usar as privadas se elas cheirarem mal, porque estão acostumadas com o ar fresco – e aí é difícil transformar os hábitos de quem defeca em lugares públicos.

A solução
Aí entra a indústria de perfumes e aromas. Com o Fedor Universal em mãos, a próxima etapa foi encontrar um cheiro que pudesse mascarar o odor horroroso dos banheiros. Mas a ideia não era simplesmente jogar um perfume mais forte para disfarçar o futum.

A ideia da equipe foi criar um neuroperfume: um cheiro capaz de cortar a transmissão do fedor entre o nariz e o cérebro. Os nossos 350 receptores olfativos do nariz dão o recado do cheiro para o cérebro que, por sua vez, reconhece o aroma como fedido e liga nossa reação de nojo. O que os pesquisadores fizeram foi criar um aroma que bloqueia os receptores responsáveis por captar os cheiros daqueles 4 compostos “do mal”.

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Novamente, Bill Gates, a cobaia mais cara do mundo, fez o teste, e garantiu que quando o Fedor Universal e o Cancelador de Cheiro são combinados em um frasco, o cheiro ruim é completamente cancelado. Dá até para os químicos adicionarem uma leve fragrância floral.

A próxima etapa da iniciativa é um projeto-piloto que deve acontecer em latrinas e privadas de comunidades pobres na Índia, para que a empresa possa testar qual a melhor forma de usar o novo produto – em pó ou como spray automático, por exemplo.

O projeto não vai resolver o problema estrutural do déficit sanitário, mas ele tenta facilitar ao máximo a criação do hábito de usar banheiros públicos. A ideia é quebrar o ciclo vicioso: a falta de banheiros em condições adequada leva a uma tradição de evacuação pública, que leva ao uso menos eficiente dos poucos banheiros disponíveis, retroalimentando o hábito nem um pouco sanitário. Cheirar meia dúzia de tubinhos asquerosos não é um preço alto demais para começar a mudar a situação – nem para o próprio Bill Gates.
https://youtu.be/oXbk7kotVlw

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