Quando o avião de reconhecimento U-2 se tornou lento demais para os mísseis soviéticos, nos anos 50, os militares americanos encomendaram um jato mais rápido. A Lockheed criou então o SR-71, logo apelidado de Blackbird (“pássaro preto”) por causa de sua pintura negra que driblava os sinais de radares, irradiava o calor gerado pela fricção do ar e camuflava o avião na escuridão do espaço. O primeiro Blackbird voou em 22 de dezembro de 1964. Em 1990, os tenentes-coronéis Ed Yielding e Joseph Vida atravessaram os Estados Unidos de Los Angeles a Washington D.C. em uma hora, quatro minutos e vinte segundos, atingindo a velocidade recorde de 3 418 quilômetros por hora. Ao pousar no aeroporto da capital, os dois pilotos levaram o SR-71A direto para o Museu Nacional Smithsonian do Ar e do Espaço, onde a nave continua exposta até hoje.
O Blackbird foi projetado para voar a 25 000 metros de altitude e a velocidade três vezes superior à do som. Para resistir aos efeitos mortais da pressão do ar, caso acontecesse alguma falha na cabine da tripulação, piloto e navegador vestiam roupas idênticas às dos astronautas. Além de espionar do céu os países do bloco comunista, o Blackbird coletou informações preciosas para os serviços americanos de inteligência no Sudeste Asiático e no Oriente Médio. Com a ascensão dos satélites militares e dos equipamentos de defesa em terra, a manutenção ficou cara para a Força Aérea, que aposentou o pássaro preto em 1990. A Nasa ainda utilizou o jato até 1999, para pesquisas de alta velocidade.