Marcelo Bortoloti
O espaço tem seu lado verde-amarelo. São asteróides, crateras e vulcões em outros planetas com nomes que fazem referência ao Brasil – chegam a 38 as homenagens ao país. Isso sem contar os asteróides, não contabilizados pelo United States Geological Survey, instituto americano que trabalha com pesquisas espaciais. A lista inclui desde o vale do Paraná, em Marte, até o vulcão Tupan, numa lua de Júpiter.
Qualquer pessoa que descobrir um objeto tem direito de batizá-lo. Mas, para evitar que estrelas recebam os nomes esdrúxulos que alguns pais dedicam aos filhos, a União Astronômica Internacional (IAU) determina regras de nomenclatura. Para asteróides, por exemplo, referências a militares e políticos são vetadas. No caso de acidentes geográficos, a sugestão é a utilização de nomes mitológicos, antigo favorito para batismos do Universo. E, segundo a etiqueta astronômica, não é de bom tom eternizar o próprio nome no espaço – mais educado é homenagear alguém. A exceção são os cometas. Raros, eles costumam levar o nome do descobridor.
A maioria das homenagens foi feita pelos muitos cientistas brasileiros que trabalham em programas espaciais internacionais e puxam sardinha para o nosso lado na hora de sugerir nome a um objeto recém-identificado. Além disso, dois centros de observação, um em Campinas e outro em Belo Horizonte, são credenciados na IAU para batizar asteróides. Pesquisadores estrangeiros que simpatizam com o Brasil também costumam homenagear nosso país em suas descobertas. Na próxima viagem que você fizer a Marte, não deixe de visitar a cratera Caxias ou a rocha Pão de Açúcar.
Universo canarinho
O guia do brasileiro nas galáxias
Mercúrio
Cratera Alencar:
Os acidentes geológicos de Mercúrio sempre recebem nomes de escritores ou compositores. Em 1979, José de Alencar, autor de Iracema, ganhou a homenagem
Lua
Cratera de Moraes:
Referência a Abrahão de Moraes, um dos pioneiros da astronomia brasileira
Cratera Santos Dumont:
Lembrado em 1973, o pai da aviação leva vantagem sobre os irmãos Wright, com quem disputa a patente do avião. O nome dos rivais não batiza nenhum objeto espacial
Asteróides
38245 Marcospontes:
Descoberto por pesquisadores mineiros, homenageia Marcos Pontes, o primeiro astronauta brasileiro
13421 Holvorcem:
Um dos objetos descobertos pelo astrônomo Paulo Holvorcem, pesquisador brasileiro que mais encontrou asteróides pelo espaço
11334 Rio de Janeiro, 10770 Belo Horizonte, 10769 Minas Gerais, 10771 Ouro Preto:
Asteróides descobertos pelo astrônomo belga Eric W. Elst, cientista apaixonado pelo Brasil
Marte
Rocha Pão de Açúcar:
Tem 30 centímetros de altura e foi descoberta no ano passado pelo robô Spirit. O físico brasileiro Paulo de Souza, que participa da missão da Nasa, sugeriu o nome pelo formato parecido com o da pedra carioca
Crateras Caxias, Viana, Peixe e Xui:
Da Baixada Fluminense para o Universo, Caxias recebeu a homenagem em 1991. Também foram lembradas Viana, no Espírito Santo, e Peixe, em Tocantins. Já Chuí, no Rio Grande do Sul, entrou para a história com erro de grafia
Vale do Paraná e do Ituxi:
Homenagem aos rios Paraná, no sul do país, e Ituxi, no Amazonas, bastante procurado por pesquisadores que estudam animais raros
Lua IO
Vulcão Tupan:
A lua de Júpiter recebeu a homenagem ao deus indígena Tupã em 1997. Sugestão da brasileira Rosaly Lopes Gautier, pesquisadora da Nasa