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Canibalismo entre galáxias: Devore-me se puder

O Universo não está na santa paz. Galáxias maiores engolem as menores - e a Via Láctea também está no meio desse pega-pega

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h45 - Publicado em 31 ago 2004, 22h00

Olhando para o céu límpido e azul, o Universo parece um lugar sereno, onde tudo coexiste na mais perfeita harmonia. Não é bem assim. Na verdade, o bicho está pegando. O cosmo é palco também de ferozes interações entre os corpos celestes – e quem pode mais chora menos. Um exemplo da “lei do mais forte” que impera no Universo é o fenômeno do canibalismo galáctico. Sabe-se que as galáxias tendem a formar aglomerados no espaço, como um bando de ovelhas que não querem viver desgarradas de seus semelhantes. A nossa Via Láctea, por exemplo, faz parte do Grupo Local, que reúne cerca de 30 membros. Como as galáxias de um mesmo aglomerado se encontram relativamente próximas umas das outras – a distância entre elas é da ordem de apenas 100 vezes o seu tamanho –, estão em constante interação, uma exercendo sua influência gravitacional sobre a outra. Se duas galáxias possuem tamanhos semelhantes, a proximidade pode resultar numa fusão entre elas. Se uma galáxia muito grande interage com outra muito menor, a primeira pode engolir a segunda, ocorrendo o canibalismo.

Em 2004, uma equipe internacional de astrônomos da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, divulgou a primeira evidência clara de que a galáxia de Andrômeda – “irmã” maior da Vila Láctea – está devorando uma de suas galáxias vizinhas. As imagens mostraram cúmulos estelares que podem ser restos de outras galáxias menores engolidas por Andrômeda, a galáxia mais distante (a 2,2 milhões de anos-luz) visível da Terra a olho nu. A descoberta ajuda a compreender a evolução das galáxias próximas e da própria Via Láctea, pois ambas têm estruturas parecidas, em forma de espiral.

A Via Láctea não é alheia ao fenômeno do canibalismo. Ela mesma adquiriu sua estrutura atual após absorver galáxias menores. E deverá algum dia bater de frente com Andrômeda, que tem o dobro do seu tamanho. Mas não perca o sono com esse cenário. As duas galáxias estão se aproximando uma da outra a cerca de 500 000 quilômetros por hora. Nesse ritmo, a colisão deverá ocorrer dentro de uns… 3 bilhões de anos! Visto de outro ângulo, isso não significará o fim de tudo – mas sim o nascimento de uma megagaláxia.

O impacto da descoberta

A compreensão do fenômeno do canibalismo ajuda a entender a evolução das galáxias, incluindo a Via Láctea. E mostra que o fim de uma galáxia representa, na verdade, o início de uma nova

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Berço de estrelas

Choques entregaláxias dão origem anovos corpos celestes

No início de 2004, o Observatório de Raios X Chandra, da Nasa, anunciou a descoberta de ricos depósitos de neônio, magnésio e silício em duas galáxias em colisão, conhecidas como Antenas, localizadas a 60 milhões de anos-luz. O choque entre as duas galáxias é um fenômeno que deve ter-se iniciado há centenas de milhões de anos. O encontro foi de tal forma violento que, de cada uma das galáxias, foram expelidas estrelas e gases em dois longos arcos que lembram antenas, daí o nome dado à dupla.

A observação desse espetacular choque cósmico é importante porque fornece pistas do que poderá ocorrer também quando a Via Láctea colidir com Andrômeda, daqui a 3 bilhões de anos. Os depósitos de neônio, magnésio e silício nas Antenas se encontram em imensas nuvens de gás quente. Quando essas nuvens esfriarem, deverão dar origem a uma grande quantidade de estrelas e planetas. Das novas estrelas assim formadas, aquelas que possuírem massas mais elevadas deverão evoluir mais rápido, em poucos milhões de anos, explodindo como supernovas ao final de suas vidas.

Quando as galáxias colidem, são muitos raros os choques diretos entre estrelas, porque as estrelas se encontram muito espalhadas uma das outras. Na nossa galáxia, o Sol está separado da sua vizinha mais próxima, Centauri, a uma distância correspondente a 30 milhões de vezes o seu diâmetro. Com isso, o Sol teria de viver 100 000 vidas para que houvesse alguma probabilidade de se chocar com sua vizinha.

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