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Certeza: os taxistas não vão gostar dessa novidade

GM e concorrente do Uber anunciam parceria para desenvolver um serviço de táxi sem motorista.

Por Denis Russo Burgierman
Atualizado em 11 mar 2024, 08h50 - Publicado em 6 jan 2016, 13h00

A maior empresa automobilística dos EUA, a GM, anunciou que vai investir 500 milhões de dólares no Lyft, o principal concorrente do Uber (disponível apenas nos EUA), para desenvolver uma frota de carros sem motorista para prestar serviço de táxi. Vai funcionar assim: você chama um carro pelo celular, ele calcula o caminho e chega sozinho até você, e o pagamento é feito pelo próprio aplicativo.

A nova parceria reforça uma tendência clara na indústria automobilística americana: se no passado ela era dominada pelos gigantes centenários de Detroit, agora cada vez mais ela envolve empresas do Silicon Valley, na Califórnia. Os exemplos abundam: os carros elétricos da Tesla, os esforços de criar carros sem motorista do Google e do Uber, os boatos sobre o carro da Apple e sobre a parceria entre Ford e Google.

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Segundo os analistas, a parceria entre GM e Lyft é importante por vários motivos. Primeiro porque essa história de carro sem motorista, que é vista como uma tendência fortíssima do futuro dos carros, pela primeira vez passa a ser algo palpável, mais fácil de imaginar. Era difícil acreditar que muitos proprietários de carros topassem pagar bem mais caro por um modelo que os dispensasse de dirigir. Mas, para uma empresa como a Lyft, a tecnologia faz todo sentido, já que reduz enormemente o custo de transportar passageiros.

Outro aspecto relevante é que essa parceria é um dos primeiros movimentos de aproximação entre Detroit e o Silicon Valley, que até hoje são vistos como inimigos ferrenhos. Por exemplo, a Uber doou mais de 5 milhões de dólares para a Universidade Carnegie Mellon, com o objetivo de desenvolver seus próprios carros que andam sozinhos, com a intenção clara de roubar o mercado das gigantes automobilísticas do meio-oeste americano.

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Parcerias entre Detroit e o Valley podem se tornar bem mais comuns no futuro – há por exemplo rumores persistentes de que Google e Ford também estão trabalhando juntas para fazer carros que se dirigem sozinhos. Faz todo sentido. Afinal, tanto o negócio de fazer carros quanto o de fazer gadgets e software disruptivos são tremendamente complexos. Da mesma maneira que não tem sido fácil para velhos gigantes como Ford ou GM aprender a lógica da nova economia, tampouco será moleza para a Apple ou o Google dominar as complicadíssimas cadeias produtivas automobilísticas, compostas por centenas de fornecedores de autopeças. Uma parceria entre esses dois mundos pode simplificar bastante o processo de tornar viável o carro sem motorista – enquanto Detroit foca em fazer o veículo funcionar, o Silicon Valley investe seus esforços naquilo que sabe fazer, que é conectar gente com tecnologias.

Mas é claro que essas parcerias são carregadas de tensões. Afinal, Detroit e o Silicon Valley são mundos muito diferentes, com culturas quase opostas. A Lyft já declarou publicamente que tem preocupações ambientais e que um de seus objetivos é “tirar carros da rua” – em franca oposição aos objetivos do novo parceiro. Já a CEO da GM, Mary Barra, afirmou num artigo no final do ano passado que 2016 será o ano em que “Detroit enfrentará o Silicon Valley“. “Meu compromisso é que nós vamos liderar as transformações na nossa indústria”, escreveu, em claro desafio aos californianos. Agora Barra terá um assento no conselho da Lyft, uma empresa do Silicon Valley.

Não há previsão de data para o lançamento do novo serviço. Enquanto isso não acontece, a GM começará a alugar carros para motoristas do Lyft que não possuam veículo próprio.

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