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Cientistas criam mapa da Via Láctea mais detalhado da história; veja vídeo

O projeto levou mais de dez anos e reúne cerca de 1,5 bilhão de objetos celestes, que poderão virar material para diversas pesquisas sobre o Universo.

Por Bela Lobato
Atualizado em 1 out 2024, 20h02 - Publicado em 1 out 2024, 18h00

Ao longo de dez anos, uma equipe de pesquisadores mapeou o céu para obter a imagem mais completa da Via Láctea. O novo mapa permite medir as distâncias entre estrelas e deu aos cientistas uma inédita e precisa visão 3D das regiões internas da nossa galáxia, que ficavam ocultas pela poeira. 

“Fizemos tantas descobertas que mudámos para sempre a visão que tínhamos da nossa Galáxia”, disse em comunicado na última semana Dante Minniti, astrônomo da Universidade Andrés Bello, no Chile, que esteve a frente da pesquisa. Os projetos foram chamados VISTA Variables in the Via Láctea (VVV) e VVV eXtended (VVVX).

Entre os 146 pesquisadores estão 14 brasileiros, que colaboraram durante as 420 noites de observação do céu. O mapa reúne mais de 200 mil imagens feitas pelo telescópio do VISTA (Visible and Infrared Survey Telescope for Astronomy, ou “telescópio de pesquisa visível e infravermelho para astronomia”, em tradução literal), que fica no Observatório Europeu do Sul, no Chile.

“Este projeto constituiu um esforço monumental, apenas possível graças a uma grande equipe”, disse Roberto Saito, astrônomo da Universidade Federal de Santa Catarina e autor de um artigo sobre a conclusão do projeto, publicado na semana passada na revista Astronomy & Astrophysics.

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As descobertas listadas geraram 300 publicações científicas e mais de 30 teses de doutorado na América do Sul e Europa. O armazenamento dos dados ocupa 500 terabytes, quase o mesmo espaço necessário para armazenar todos os vídeos do YouTube. O processamento e análise das imagens deve continuar a fomentar novas pesquisas e descobertas. 

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Os cientistas utilizaram uma câmera específica do VISTA, a VIRCAM, que consegue produzir imagens detalhadas de áreas empoeiradas e nebulosas, utilizando os sinais de luz infravermelha emitidos pelas estrelas. O equipamento de três toneladas precisa ser mantido a -200ºC o tempo todo, para evitar que o calor gerado durante o seu funcionamento (afinal, ele é um supercomputador) interfira nos fracos sinais de radiação que vem do espaço.

O mapa foi todo feito a partir da detecção de infravermelho, um comprimento de luz de baixa frequência e bem compridas. Assim, o método também permite enxergar objetos astronômicos mais distantes, como quasares e galáxias de quando o nosso Universo era muito jovem. Durante a longa jornada dessas luzes até nós, o seu comprimento de onda é esticado, e só consegue ser detectado por sensores infravermelhos.  

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Da mesma forma, a detecção de infravermelho permite enxergar estrelas recém-nascidas que se encontrem envolvidas por casulos de poeira, enxames globulares (grupos densos de milhões das estrelas mais antigas da Via Láctea) e objetos muito frios, como anãs marrons e planetas flutuantes que não orbitam nenhuma estrela.

São mais de 1,5 bilhão de objetos incluídos no mapa, que pode ser acessado gratuitamente no site do Observatório. Entretanto, não é fácil navegar no site sem conhecimentos específicos de astronomia.

Mas o vídeo abaixo, produzido pelo Observatório Europeu do Sul, dá uma boa ideia da complexidade do novo mapa. Ele compara dois tipos de imagem de um mesmo local: a primeira com o que é visível. Já segunda mostra objetos que não conseguimos ver por causa da poeira, mas que são detectáveis por infravermelho.

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