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Como ficaria a F-1 sem as restrições no regulamento?

A Federação Internacional de Automobilismo proíbe quase tudo o que um carro ideal teria, como motor turbo, aerodinâmica decente e outras coisas que aparecem no infográfico ao lado.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h36 - Publicado em 30 jun 2003, 22h00

Alexandre Versignassi

Os carros seriam máquinas de moer pilotos. Os Fórmula 1 de hoje são construídos sob várias limitações da FIA. A Federação Internacional de Automobilismo proíbe quase tudo o que um carro ideal teria, como motor turbo, aerodinâmica decente e outras coisas que aparecem no infográfico ao lado. O grosso dessas tecnologias já esteve nos F-1. Mas nunca tudo junto, no mesmo carro. Então não dá para saber qual seria a velocidade do bólido. O certo é que passaria dos 400 km/h. Mas aí o problema é o piloto. O baque de uma freada brusca numa velocidade dessas é cruel. A pressão faria o corpo do sujeito ser jogado para a frente com uma força seis vezes maior que a da gravidade (ou “de 6 g”, como dizem os técnicos). Isso pode dar num desmaio ou numa parada cardíaca.

Arriscado. Para minimizar os danos, podemos dar um jeito de o piloto entrar nas curvas mais rápido, sem ter de frear tanto. Como? Com a solução mágica dos carros-asa, surgidos em 1978 e proibidos em 1983. Eles tinham um sistema aerodinâmico que os deixava com muita aderência, quase grudados ao chão. O piloto, então, podia entrar nas curvas com muita velocidade, sem medo de rodar. Só que a pressão lateral no corpo chegava a nada saudáveis 6 g –contra 4 g dos F-1 de hoje. E esse nem era o maior perigo: “O efeito dos ‘asa’ só funcionava com o chassi bem rente ao asfalto. Se o carro desse um solavanco, perderia toda a aderência e poderia decolar da pista”, diz o engenheiro especializado em aerodinâmica Julio Meneghini, da Universidade de São Paulo. Para diminuir o risco e fazer nosso carrão andar mais rápido ainda, adotemos a suspensão ativa. Banida em 1994, ela evitava solavancos. Agora, vamos arrebatar com um também proibido câmbio automático do tipo CVT (sigla em inglês para “transmissão variável contínua”). Sua contribuição é fazer o carro funcionar sempre no limite, sem perder potência durante as trocas de marcha. Pronto: nosso super F-1 já pode cair na pista. Para quem sonha em ser piloto, seria uma beleza. Morreria tanta gente que nunca faltaria vaga nas equipes.

Máquina mortífera

Como seriam os carros se imperasse o vale-tudo nas pistas
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Aerofólio mutante

Nas retas, as asas ajustáveis ficariam quase paralelas ao chão, oferecendo resistência mínima ao ar. Antes das curvas, ficariam inclinadas, mantendo o carro mais preso ao solo. Mais: o próprio desenho do nosso F-1 já favorece a aderência

Mão na roda

Ao virar as quatro rodas (e não só as da frente, como diz o regulamento), o carro ganharia velocidade nas curvas. Os pneus voltariam a ser lisos (e não com sulcos, como os atuais). Isso aumentaria a área de contato com o solo, melhorando a tração

Versão turbinada

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O turbo, banido em 1989, é o que há para aumentar a potência. No auge da era turbo, em 1987, havia motores que rendiam 1 200 cv, com cilindrada de 1,5 litro. O mais potente de hoje, o BMW da Williams, não passa de 900 cv, com um motor de 3,0 litros

Aderência no limite

O desenho do carro faria com que ele fosse empurrado contra o chão, ganhando aderência. É como se a máquina inteira fosse um grande aerofólio. Por isso, os bólidos assim eram chamados de carros-asa. Foram proibidos de vez em 1983

Avião-caça

Os F-1 de hoje têm mais resistência ao ar que os carros de passeio –o dobro da de um Ômega, por exemplo. Culpa das rodas descobertas e do cockpit aberto. Carenagem sobre os pneus e capota de avião-caça diminuiriam esse problema

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Suspensão-robô

A suspensão ativa – que se auto-regula eletronicamente – deixaria o carro absurdamente estável. Ela foi banida em 1994, após dar dois títulos fáceis à Williams, para permitir alguma competitividade

A evolução da F-1

O que mudou desde os anos 50

Anos 50

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Os primeiros F-1 tinham motor dianteiro. No final de década a equipe Cooper incorporou o motor traseiro

Anos 60

A revolução foram os sólidos chassis de folhas de alumínio, surgidos em 1962, e o aerofólio, em 1968

Anos 70

Em 1972 a Lotus cria o carro em forma de cunha. Em 1978 ela faz o carro-asa e reinventa a aerodinâmica

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Anos 80

Da indústria aeronáutica chegam os chassis em fibra de carbono. O motor turbo ganha tudo de 1983 em diante

Anos 90

A eletrônica faz os carros praticamente andarem sozinhos, até boa parte dela ser banida

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