O cosmonauta soviético Iuri Romanenko, recordista de permanência no espaço 326 dias a bordo da estação orbital Mir _, anda lépido e fagueiro como se tivesse passado quase um ano numa estação de veraneio. É uma surpresa: antes dele, outros cosmonautas voltavam do espaço com os ossos, músculos e o sistema cardiovascular enfraquecidos pela falta de gravidade. Mas Romanenko deixou espantados os médicos soviéticos ao ficar de pé desde que pisou o chão da base de Baikonour, na Ásia Central, no finzinho do ano passado.
Sua memorável recuperação repercutiu nos projetos de uma futura viagem tripulada a Marte, cujo principal obstáculo é a duração cerca de dois anos entre ir e voltar (SUPERINTERESSANTE n.º6). Para a recuperação de Romanenko, contribuiu o rigoroso esquema de exercícios a que ele foi submetido a bordo da Mir, além do novo tipo de vestimenta com fibras elásticas que, por oferecer mais resistência, obriga o cosmonauta a um esforço maior dos músculos em cada movimento. Mas Romanenko não voltou bem só fisicamente: nada indica que o prolongado confinamento no espaço tenha deixado nele seqüelas psicológicas.