Há muito tempo os astrofísicos desconfiavam que a existência de complexas e pesadas substâncias encontradas em nuvens interestelares só seria possível se houvesse no espaço moléculas de H3+ (formadas por três átomos de hidrogênio mas com apenas dois elétrons). Apesar da desconfiança, até agora as buscas não tinham dado em nada. Até que Thomas Geballe, do Centro Astronômico de Hilo, no Havaí, e Takeshi Oka, da Universidade de Chicago, resolveram usar o potente Telescópio Keck, no Monte Mauna Kea, no Havaí, que vasculha os céus captando raios infravermelhos (ondas de calor). Aí, toparam com a H3+ em duas nuvens de poeira repletas de hidrogênio, só que na versão molecular identificada pelo símbolo H2 (essa molécula, contendo dois átomos de hidrogênio, é a forma mais comum de matéria no Universo, constituindo 90% de tudo o que existe). Os cientistas sugerem que a H3+ surge devido a um bombardeio de raios cósmicos, partículas superenergizadas, que cruzam o Cosmo a velocidades estonteantes. É simples. Ao bater nas nuvens os raios acrescentam um próton ao núcleo das moléculas de H2 e criam as H3+. Estas depois darão origem a substâncias mais complexas.