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E se a tecnologia substituir o juiz de futebol?

Se a arbitragem eletrônica decidir faltas, impedimentos e até gols, pode haver menos erros. Mas e se o sistema cair?

Por Emiliano Urbim
Atualizado em 2 fev 2017, 13h08 - Publicado em 15 out 2014, 22h00

NARRADOR – Bem, amigos da Rede Global. Estamos agora ao vivo e em definitivo de Cartagena, na Colômbia. Na tela, imagens do moderníssimo Estádio Nacional Gabriel García Marquez, El Gabón, palco da final desta Copa do Mundo de 2026. Não é a final que a gente queria, claro: o Brasil do técnico Seedorf saiu antes. Mas logo estarão em campo as seleções de Inglaterra e Alemanha para nos brindar com um espetáculo de futebol.

COMENTARISTA – E de tecnologia. Atendendo aos apelos de torcedores, cartolas, jogadores e imprensa, esta foi a primeira Copa com arbitragem eletrônica. Assim como em outros torneios, os juízes e bandeirinhas foram substituídos por câmeras, chips e sensores. Cada detalhe é monitorado. A falha humana foi substituída pela precisão da máquina.

NARRADOR – É tira-teima, ao vivo, amigo! E o que esperar da partida?

COMENTARISTA – Vai ser um jogo pegado, de muita marcação, que vai ser decidido em um detalhe.

NARRADOR – E o comentário eletrônico, quando chega? Os jogadores aguardam o apito virtual e… bola rolando. O nome do jogador, você já sabe, aparece na tela assim que ele pega na bola. Então lá vai… a Alemanha. Olha o ataque rápido, envolvente, troca de passes, a defesa inglesa bobeou, o alemão caiu na área… Pênalti!

COMENTARISTA – O alemão se jogou. Os sensores nas meias e chuteiras dos envolvidos na jogada mostram claramente que não houve contato. Não foi pênalti e o cartão amarelo por simulação já consta da súmula virtual.

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NARRADOR – Dramááático! Mas agora foi falta, perigosíssima, do jeito que a Inglaterra gosta. A distância é calculada e a barreira se posiciona sobre a linha acesa no gramado de LED. Bateu… por cima do gol da Alemanha, tirando tinta da trave.

COMENTARISTA – Passou a 15 centímetros. E a trave é de carbono, não tem tinta.

NARRADOR – Vem que vem a Alemanha. Lançamento para o atacante livre.

COMENTARISTA – Impedimento claro. A parede de laser já surgiu no campo.

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NARRADOR – Haja coração! E tome contra-ataque da Inglaterra. O inglês recebeu livre, não tem impedimento… pra fora! Tinha a visão total, perdeu uma chance clara de gol.

COMENTARISTA – Na verdade, a câmera que dá a visão dele mostra que ele foi encoberto pelo goleiro.

NARRADOR – Olha lá, o capitão da Alemanha trocando uma ideia com o técnico. Eu queria ser uma mosquinha para saber o que eles estão dizendo.

COMENTARISTA – A câmera-inseto captou o diálogo. Tradução já disponível para o telespectador.

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NARRADOR – É Copa do Mundo, amigo. Inglaterra, zero, Alemanha, também zero. Vale o título. O que estará passando pela cabeça desses jogadores?

COMENTARISTA – Pelos sensores instalados nos uniformes, a gente pode ter uma ideia bem boa. O número 10 da Inglaterra, por exemplo, está com os batimentos cardíacos altos, a pressão levemente baixa, pouco açúcar no sangue e sinais de desidratação. Quem quiser acompanhar a saúde de cada jogador, basta acessar o menu.

NARRADOR – É teste pra cardíaco, amigo. Quarenta e sete e trinta… e o computador quer jogo! Olha lá, Alemanha no ataque, pintou uma brecha, o atacante arrisca o chute de fora da área… No travessão! No chão! Em cima da linha! Foi gol ou não foi? O que diz a arbitragem eletrônica?

COMENTARISTA – O sistema foi invadido. Caiu a rede. Pane geral no sistema.

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NARRADOR – É uma cena triste, amigo. O estádio em silêncio, os jogadores se olhando incrédulos. E a verdade, uma só: por causa de um hooligan, um hacker, uma pessoa que deveria ser banida do futebol, a Copa do Mundo vai ficar indefinida.

COMENTARISTA – A regra é clara: se um dia o sistema não voltar, assume o árbitro reserva, um humano. Nunca aconteceu, mas hoje parece que vai ser o caso.

NARRADOR – E quem é o juiz reserva?

COMENTARISTA – É o brasileiro Rafael Carvalho dos Santos.

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NARRADOR – …

COMENTARISTA – Tudo bem?

NARRADOR – É BRASIL! É a arbitragem brasileira na final do mundial! Quando a tecnologia não basta, chega a hora do craque do apito chamar a responsabilidade para si! Vai que é sua, Rafael! Cercado por alemães e ingleses! Sou mais você! É o apito moleque, o apito maroto, o apito brasileiro que vai decidir a Copa do Mundo! É o apito brasileiro que vai decidir a Copa do Mundo! Haaaja coração!

COMENTARISTA – O sistema voltou.

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