É uma espiral com duas barras
A estrutura complexa da Grande Nuvem de Magalhães cria novas estrelas.
À primeira vista, a Grande Nuvem de Magalhães, a galáxia mais próxima da Terra, não passa de um amontoado desordenado de estrelas. O astrofísico brasileiro Horácio Dottori, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, viu agora que a coisa não é bem assim. Ele analisou grupos de estrelas que nasceram juntas, chamados aglomerados. Na Grande Nuvem, os aglomerados seguem três estruturas, conforme sua idade. Os que têm de 30 milhões a 70 milhões de anos se juntam numa barra luminosa principal. Outros grupos, com idade entre 10 milhões e 30 milhões de anos, configuram uma segunda barra, inclinada em relação à primeira. E os mais jovens, com menos de 10 milhões de anos, estão espalhados por todos os lados. “Isso significa que alguma coisa está mexendo com as estrelas da Grande Nuvem”, explicou Horácio à SUPER. Ele sugere que a primeira barra foi criada entre 500 milhões e 800 milhões de anos atrás por uma trombada com sua vizinha, a Pequena Nuvem de Magalhães. Ao girar, essa barra vai empurrando o gás e a poeira pelo caminho. Isso aumenta a concentração de matéria em certos pontos, até que a força de gravidade acaba condensando tudo em novas estrelas. Assim é que deve ter surgido a segunda barra. “Daqui a dezenas de milhões de anos, pode ser que a maior parte da barra mais nova e dos aglomerados que ainda estão soltos sejam engolidos pela barra original”, conclui o astrofísico.
Carrossel de estrelas no meio do caos
Os aglomerados da Grande Nuvem estão distribuídos por duas barras centrais.
Os mais antigos
Os grupos de estrelas com idade entre 30 milhões e 70 milhões de anos formam uma barra principal de onde saem os braços em espiral.
Os mais jovens
Aglomerados com idade entre 10 milhões e 30 milhões de anos formam outra barra, inclinada em relação à primeira.