EUA criam projeto para grampear a Internet
Nova lei do governo americano vai exigir que todos os sites e serviços da Internet monitorem o que seus usuários estão fazendo - e revelem isso às autoridades
Bruno Garattoni
Um novo projeto de lei, que será apresentado ao Congresso dos EUA nas próximas semanas, pode representar o mais duro golpe já visto contra a liberdade na internet. Proposta pelo governo Obama, a lei determina que todas as empresas de internet sejam obrigadas a instalar sistemas de grampo para capturar os dados enviados e recebidos por seus usuários. Isso significa que todos os meios de comunicação existentes na web (de serviços de e-mail, como o Gmail, até programas de telefonia, como o Skype) teriam de abrir brechas para as agências de espionagem do governo. A medida afetaria inclusive empresas sediadas fora dos EUA (como a Skype Inc., por exemplo, cujo escritório fica em Luxemburgo), que seriam obrigadas a manter computadores em território americano para instalação dos grampos.
O projeto causou revolta. “O governo quer instalar uma ‘porta dos fundos’ nos meios de comunicação”, protesta Jennifer Lynch, da ong Electronic Frontier Foundation. As autoridades dizem que sua intenção é melhorar as investigações antiterrorismo, e os grampos só seriam usados com mandado judicial. Mas não foi isso o que aconteceu no passado. Em 2006, uma denúncia anônima revelou que a Agência de Segurança Nacional (NSA) mantinha um grampo ilegal na operadora AT&T – cujo tráfego era automaticamente desviado, sem autorização judicial, para espiões do governo.