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Facebook desmonta rede brasileira de fake news

Foram 196 páginas e 87 contas deletadas da rede social pela má conduta. A suspeita é de que as páginas estejam ligadas ao MBL

Por Felipe Sali
Atualizado em 25 jul 2018, 16h21 - Publicado em 25 jul 2018, 16h21

“O Facebook é uma plataforma de tecnologia e não uma editora ou empresa de mídia”, foi o mantra oficial da empresa durante muitos anos. Repetida por Mark Zuckerberg e pelo departamento de comunicação da empresa à exaustão, a frase era o pilar da empresa para se eximir da responsabilidade sobre o que era publicado na rede social. Ora, se ela é apenas uma ferramenta e não uma empresa de mídia, não é possível responsabilizá-la por alguns usuários publicarem notícias falsas e discursos perigosos em seus murais, certo?

Mas o argumento foi perdendo força com o passar dos anos e se tornou (junto à questão da privacidade digital) um dos temas principais do depoimento de Mark ao Congresso americano durante a já histórica polêmica do uso da plataforma pela companhia britânica Cambridge Analytica — mesma empresa que trabalhou para a campanha de Donald Trump em 2016 e conseguiu manipular a opinião pública implantando fake news na rede. Não importam os termos técnicos, o mundo está de olho no Facebook e a empresa, discretamente, passou a puxar a responsabilidade para si. Assim a guerra contra as notícias falsas ganharam força.

Em abril deste ano, foi anunciado uma parceria entre a empresa e o verificador de notícias Boom, para melhorar o feed de notícias da Índia (onde o problema já resultou na mortes de 22 pessoas), um mês antes das eleições do país. As páginas que foram pegas repercutindo a má prática tiveram o alcance dos seus posts diminuído drasticamente, tornando-as menos relevantes. A investida do Facebook deu tão certo que foi repercutida em outros países, inclusive no Brasil, em parceria com as agências Aos Fatos e Lupa.

Mas, nunca houve no Brasil uma operação tão complexa quanto a desta quarta-feira (25) que desmontou uma rede coordenada com 196 páginas e 87 contas. Juntas, as páginas tinham mais de meio milhão de seguidores e eram usadas para causar a impressão de que uma notícia falsa viesse de diferentes veículos de comunicação independentes.

Um funcionário do Facebook que não se identificou disse à agência de notícia Reuters que as páginas estavam sob controle de pessoas importantes do Movimento Brasil Livre. Mais tarde, em comunicado compartilhado no Twitter, o próprio MBL declarou que diversos de seus coordenadores foram afetados pela iniciativa.

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O problema das fake news ainda está longe de acabar por uma razão muito específica: nós amamos. Um estudo do MIT concluiu que notícias falsas são 70% mais compartilhadas do que as verdadeiras. Elas apelam para as nossas emoções e senso de justiça. Logo, a vontade de apertar o botão de “compartilhar” surge antes de racionalizar e procurar as fontes do texto.

Além disso, é mais difícil batalhar contra essa praga em outras redes, como no WhatsApp, onde todas as mensagens são criptografadas e os programadores não possuem acesso ao que está sendo espalhado por lá. Uma nova função limita o número de vezes que você consegue encaminhar uma mensagem no aplicativo. É o melhor que conseguiram fazer até agora.

No futuro, é possível que a proliferação em massa de notícias falsas seja coisa do passado. Até lá, não custa nada pensar duas vezes antes de compartilhar uma informação.

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