Sérgio Gwercman / Jones Rossi
O mito nasceu em 1977. Foi nesse ano que a empresa criada por Nolan Bushnell levou às prateleiras o revolucionário Atari 2600. Era superior a qualquer coisa já inventada no mercado de diversões eletrônicas. O sucesso não foi imediato, é verdade. Só a partir da virada da década o videogame pegou para valer e fez da Warner – então dona da marca – a companhia com crescimento mais rápido da história americana.
Alguns jogos viraram clássicos instantâneos, como Pac-Man e Space Invaders. No Brasil, o console chegou no Natal de 1983. Enquanto curtíamos, atrasados, a febre do game, nos Estados Unidos a empresa já amargava prejuízos incríveis. Vendida, passou por várias mãos até sua atual proprietária decidir relançar, neste ano, o velho console (com 20 jogos embutidos) sob a alcunha de Atari Flashback.
Space Invaders
O desafio: Impedir uma invasão alienígena composta por fileiras de seres das mais variadas formas. O objetivo deles? Acabar com a vida em nosso planeta.
Suas armas: Uma nave retangular com um bico que cuspia projéteis. O tiro podia ser direcionado com o joystick após o disparo. Era um dos poucos jogos do Atari com uma manha secreta: o duplo tiro ficava disponível ao deixar o botão reset do videogame apertado quando o jogo era ligado. Só para iniciados.
ET
O desafio: O cabeçudo alienígena tinha de construir um telefone e entrar em contato com seu planeta natal. Criado para aproveitar a onda do filme de Steven Spielberg, é um clássico às avessas. Entrou para a história como o pior game já feito.
Suas armas: O fofinho E.T. mais parecia uma lombriga. Feito em 15 dias, o jogo foi um fiasco e ajudou a afundar ainda mais o barco da Atari. Um boato diz que a empresa enterrou, no deserto do Novo México, 5 milhões de cartuchos encalhados.
Enduro
O desafio: Dirigir na neve, de noite, com névoa… No primeiro dia de corrida era necessário ultrapassar 200 carros. Nos dias seguintes, 300. Há quem jure ter terminado o jogo e encontrado uma taça de campeão. Deve ser alucinação provocada por tanto tempo em frente à TV: poucos jogos de Atari tinham final.
Suas armas: Um possante que deixava dúvidas: se o jogo chamava Enduro, por que os carros pareciam com os de Fórmula 1? Apesar da incoerência, o game fez sucesso notório e ganhou mais de 20 versões.
Pac-man
O desafio: Fazer uma bolinha amarela engolir pílulas de energia e fugir de fantasmas. Pode ser simples, mas o jogo que veio dos fliperamas impulsionou fantasticamente a venda de consoles.
Suas armas: A gula insaciável do personagem principal. E só. Tanta falta de opção acabou dificultando seqüências para a série. A criatividade foi gasta com Sra. Pac-Man, com direito a cenário rosa-choque, e Pac- Man Jr., cuja única diferença era um boné na cabeça da bolinha amarela.
Pitfall!
O desafio: Enfrentar uma floresta repleta de escorpiões, lagos com crocodilos e buracos que abriam aleatoriamente. Foi assim que Pitfall! se tornou um dos melhores games da história. Eram 255 telas diferentes – um recorde para a época.
Suas armas: Nada de revólveres ou espadas. Pitfall Harry enfrentava perigos munido apenas de seu pulo. Como a série de desafios se repetia, fanáticos sabiam a seqüência de cor. Pitfall! ganhou uma continuação, Lost Caverns, com macacos, sapos venenosos e as tais cavernas. Dava até para nadar.
River raid
O desafio: Pilotar um avião amarelo rio acima, atirando em navios, helicópteros e outras malditas aeronaves que teimavam em atravessar sua frente no melhor estilo camicase.
Suas armas: Um indicador de combustível no pé da tela obrigava o jogador a passar por casinhas rosas e brancas que faziam as vezes de postos de abastecimento. Ficar sem gasolina era morte certa. Em 1988, uma segunda versão foi lançada pela Activision e uma empresa obscura de Taiwan chegou a fazer River Raid III.
Joystick
É impressionante: o Atari entrou para a história do videogame com um joystick que tinha apenas uma barra direcional e um botão de tiro. Seus equivalentes modernos têm até 15 opções de comando.