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Máquina do tempo

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h33 - Publicado em 30 nov 1998, 22h00

Igor Fuser

Os computadores já conseguem reconstruir tesouros da Antiguidade em minuciosas imagens tridimensionais. A restauração virtual abre novas estradas para a pesquisa arqueológica e o turismo científico.

Uma viagem na tela do computador

Os micênios, um povo do sul da Grécia, construíram uma refinada civilização 1 000 anos antes de Sócrates e Platão surgirem em Atenas, no século V a.C. Inimigos belicosos, os dórios destruíram seu império no final do século XIII a.C., deixando em escombros as cidades de Pilos e Micenas. Ficaram só vestígios arqueológicos, pulverizados por museus. Mas, hoje, você pode até ver os palácios demolidos por dentro. A ciberarqueologia, técnica que agrega recursos de computador a pesquisas arqueológicas, é capaz de reproduzir virtualmente, em três dimensões, o passado tal como ele era – quase exatamente.

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E com vantagens. Como nota o italiano Maurizio Forte, presidente da International Association of Computing in Archaeology, “em toda escavação sempre se destrói parte da informação enterrada. A arqueologia virtual tem a vantagem de não ser invasiva. Ela recria o ambiente antigo e revela quanto temos de reconstruir”.

Primeiro, alimenta-se o computador com as imagens de ruínas e fragmentos existentes. Depois, calculam-se medidas e proporções. Daí, aplicam-se, virtualmente, o mármore, os tijolos, a argamassa e o bronze, conforme os materiais originais. No final, põem-se as cores reveladas pelos pigmentos achados em cacos, móveis e objetos. “As imagens revelam aspectos do cotidiano, como o uso das ruas e dos prédios, a densidade demográfica e a paisagem da época”, diz Brian Fagan, da Universidade da Califórnia. É o mais puro túnel do tempo.

Estas estátuas de 21 m de altura (acima) vigiam a entrada do Templo de Abu Simbel, que o faraó Ramsés II mandou construir no sul do Egito em 1256 a.C. O computador restaurou as partes destruídas e restituiu as cores originais (ao lado). O templo foi erguido em homenagem à rainha Nefertari, a favorita entre as cinco esposas do faraó. Em 67 anos de reinado, Ramsés II teve 162 filhos

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Esta é a feérica sala do trono do Palácio do Pilos, erguido pelos micênios há 3 500 anos. Aqui ela está reconstituída com as cores originais e desenhos do chão ao teto. A peça arredondada, no centro, é uma lareira. Segundo a lenda, Agamenon, rei de Micenas, liderou os gregos na Guerra de Tróia, supostamente no século XIII a.C.

Erguida no topo de uma colina, na Península do Peloponeso, no sul da Grécia, Micenas foi uma das maiores cidades da Antiguidade. Mas suas grossas muralhas não impediram que fosse destruída pelos inimigos

Vamos ao anfiteatro?

Visite, pela Internet, um auditório grego.

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Imagine-se em um anfiteatro do ano 200 a.C., na colônia grega de Mileto, na costa da atual Turquia. Dá para enxergar todo o interior do auditório, para 1 200 pessoas, só com um movimento do mouse ou do cursor (fotos). Se você quiser, visite o site da Fundação do Mundo Helenístico, de Atenas, que recriou este e outros cenários da Grécia antiga. O endereço, na Internet, é https://www.fhw.gr/fhw/en/projects/3d/miletus/council_qtvr.html

A partir das colunas que restaram em pé (à esquerda), a empresa italiana Village High Tech reconstruiu, em computador, o templo da deusa Hera, em Olímpia, no sudoeste da Grécia, onde nasceram as Olimpíadas. Erguido no século VI a.C., era um dos mais venerados pelos gregos

A majestosa Avenida do Triunfo, com o Arco de Constantino (ao fundo) e o Coliseu (à direita), em Roma, eram famosíssimos na Antiguidade. Este era o centro de um vasto império. A reconstrução foi feita pela Universidade Carnegie Mellon, nos Estados Unidos

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O Fórum Romano, do qual só resta um punhado de ruínas visitadas por enxames de turistas (à direita), era a sede política e jurídica da Roma antiga. Nestes edifícios eram elaboradas as leis

A antiga Roma ressurge em cada detalhe

Dos 20 000 habitantes de Pompéia, só dois escaparam da fulminante erupção do vulcão Vesúvio em 24 de agosto de 79 d.C. Varrida do mapa em horas, a cidade só foi encontrada em 1748, debaixo de 6 metros de cinzas. Por ironia, a catástrofe salvou Pompéia dos conquistadores e preservou-a para o futuro, como uma jóia arqueológica. Para quem já esteve lá, a visita é inesquecível.

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A profusão de dados sobre a cidade permitiu ao Laboratório de Realidade Virtual Avançada da Universidade Carnegie Mellon, nos Estados Unidos, criar imagens minuciosas, com apoio do Instituto Americano de Arqueologia. Milhares de detalhes arquitetônicos tornaram-se visíveis. As imagens mostram até que nas casas dos ricos se comia pão branco, de farinha de trigo, enquanto na dos pobres comia-se pão preto, de centeio.

Outro megaprojeto, para ser concluído em 2020, da Universidade da Califórnia, trata da restauração virtual da história de Roma, desde os primeiros habitantes, no século XV a.C., até a decadência, no século V. Guias turísticos virtuais conduzirão o visitante por paisagens animadas por figurantes. Edifícios, monumentos, ruas, aquedutos, termas e sepulturas desfilarão, interativamente. Será possível percorrer vinte séculos da história num dia. E ver com os próprios olhos tudo aquilo que a literatura esforçou-se para contar com palavras.

Para saber mais

https://www.archeological.org/

Esta é a Via dell’Abondanza, a principal avenida de Pompéia, antes da erupção do vulcão Vesúvio que destruiu a cidade e a sepultou por quase 17 séculos. Na imagem virtual, você pode identificar muitas das ruínas (à esquerda) que encantam os turistas na atualidade

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