Aquela velha imagem da gota de sangue colocada sobre uma placa de vidro para ser observada ao microscópio está ultrapassada. Estruturas de tecidos com até 1 milésimo de milímetro já podem ser conhecidas em formatos tridimensionais. A nova microscopia nasceu dos estudos de um pesquisador do Hospital Geral de Massachusetts, nos Estados Unidos, Russell Kerschmann, que investigava, nos vasos sangüíneos, os efeitos do laser para tratamentos de pele. Insatisfeito com as imagens planas que conseguia ao microscópio normal, em duas dimensões, ele começou a fazer experiências com diferentes métodos para enxergar em 3D as amostras dos tecidos que precisava estudar. Até que chegou à tecnologia DVI – Imagem Volumétrica Digital.
A bem da verdade, a descoberta é o maior avanço dos últimos tempos para a histotecnologia (tecnologia referente ao estudo da estrutura microscópica de tecidos e órgãos), campo que não sofreu muitas revoluções desde meados do século XIX, quando foi descoberto. De acordo com o médico, a tecnologia existente não lhe permitia responder a questões que o atormentavam a respeito da sua pesquisa porque os vasos sangüíneos são estruturas tridimensionais – sempre faltava um pedaço do material para ser analisado pela técnica convencional. No novo sistema, uma câmera digital vai fazendo imagens do tecido enquanto um micrótomo realiza cortes no material – o que se repete por cerca de 1 000 vezes. Todas essas imagens virtuais vão se sobrepondo, até formarem uma fotografia com detalhes de até milésimos de milímetros, que reconstrói fielmente a arquitetura do tecido.
Diversas empresas farmacêuticas e laboratórios americanos já utilizam o supermicroscópio 3D. A Procter & Gamble, por exemplo, aplica a tecnologia para estudar substâncias envolvidas na formação dos ossos, com experimentos com ratos.