Gonzalo Navarrete
Marte não está cheio de homenzinhos verdes, como já se pensou. na verdade, o planeta vermelho logo poderá estar tomado por terráqueos. O dia lá tem 24 horas e 37 minutos, a gravidade não nos mataria (é 39% da nossa) e os friorentos poderiam até gostar da Temperatura (de –140 0C a 20 0C). Com uma Distância da Terra que varia de 55 a 380 milhões de KM e um Diâmetro (6.794 Km) que é a metade do nosso, o quarto planeta do sistema solar está quase pronto para nos receber. basta tomarmos as mesmas precauções que a família da história a seguir.
E se morássemos em Marte? Se um dia precisarmos deixar a Terra, provavelmente iremos para Marte. Entre os planetas próximos, é o único onde achamos sinais da existência de água. Ela pode estar no subsolo ou congelada nos pólos, e deve ser bem salgada. Marte é avermelhado porque é coberto de poeira enferrujada, que fica suspensa na atmosfera. Mas, apesar disso, é possível que tenha abrigado vida, há milhões de anos.
Comeríamos vegetais para não desperdiçar água e oxigênio na criação de animais. Carne, só vinda da Terra (se o planeta ainda existisse) e a preços exorbitantes.
Com um terço da nossa gravidade, Marte seria o lugar ideal para esportes radicais. Uma pessoa de 70 kg se sentiria como se tivesse somente 26 kg no planeta vermelho.
Exercitar-se seria obrigatório, pois nosso corpo é adaptado para a gravidade daqui. Lá, os músculos enfraqueceriam e os ossos perderiam cálcio (osteoporose).
Usaríamos roupas pressurizadas ao ar livre, pois a gravidade de lá não retém gases e a pressão é baixa. Sem o traje, os olhos pulariam fora e o sangue evaporaria.
Teríamos que ficar atentos ao céu. Marte atrai menos meteoros que a Terra. Mas todos atingem o planeta, pois a atmosfera rarefeita não o protege.
Um tormento seriam as tempestades de areia, cujos ventos vão a 300 km/h, mais do que qualquer furacão daqui, e duram meses. Detalhe: o ano teria 687 dias.
Por conta das tempestades de areia e dos meteoros, as casas teriam que ser reforçadas. viveríamos no subsolo, em cavernas vedadas para prender o ar.
Não há oxigênio por lá. Sua atmosfera é feita quase toda de gás carbônico (CO2). Criaríamos usinas para extrair oxigênio (o2) do gás (mas ainda não sabemos como).
Como existe atmosfera, falaríamos sem usar rádio. Mas, por causa do gás carbônico, a freqüência das ondas sonoras seria baixa. Uma menina falaria grosso como homem.
Por causa da gravidade, correr seria moleza, mesmo para os gordinhos e sedentários. Um atleta poderia vencer 100 metros rasos em menos de 5 segundos. Um recorde. já os fãs de uma boa caminhada poderiam passear no valles marineris, cânion de 4 mil km.
Marte tem um relevo impressionante. O Monte Olimpo, maior vulcão do Sistema Solar, com 27 km de altura, fica lá.
O solo é semelhante, Mas o plantio exigiria adubo. O nitrogênio, essencial, não existe lá. uma saída seria usar transgênicos ou organismos primitivos como líquens.
Nossos carros não andariam em Marte, porque usam motores a combustão, que requer oxigênio. teríamos de movê-los com energia elétrica, nuclear ou solar.
Lá, as noites têm duas luas, mas nada de banho de sol: sem camada de ozônio, a radiação pega. Agora só falta arrumar as malas e pegar o próximo foguete.