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No ar, os aviões-insetos

Enquanto batem, as asas deste protótipo de avião-inseto também vibram e oscilam para obter o máximo impulso possível para o alto

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h34 - Publicado em 31 ago 2000, 22h00

Os aviões encurtaram as distâncias, aproximaram os povos e garantiram seu lugar no pódio das grandes conquistas do século. Mas, até hoje, são engenhocas pesadas e sem flexibilidade, que dão trabalho para colocar no ar e trazer de volta ao chão. Talvez porque tenham sido inspiradas nos pássaros e não nos insetos. Compare o funcionamento de um Boeing com o vôo fácil, ágil e, sobretudo, seguro de uma borboleta ou de um gafanhoto – que decolam num simples salto para o ar e pousam com a leveza de uma bailarina – e você perceberá do que estamos falando.

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Daí por que alguns cientistas já começaram a construir modelos de aviões que batem asas, como os insetos. Você nunca viu nada igual. São máquinas voadoras com apenas 25 cm de comprimento, conhecidas pela sigla MAV (MicroVeículos Aéreos). Sua virtude mais importante é que, enquanto os aviões precisam correr muito até que a força do ar os empurre para cima, as novas aeronaves são sustentadas pelo movimento das asas. Portanto, não precisam de alta velocidade para decolar e, uma vez lá em cima, têm toda liberdade para manobrar. Podem virar de um lado para outro à vontade, contornar obstáculos sem pressa ou simplesmente plainar – tudo isso com mais desenvoltura que um helicóptero e sem ruído algum.

“Os aviões-insetos estarão no ar dentro de poucos anos”, contou à Super o engenheiro Rafal Zbikowski, da ersidade de Cranfield, Inglaterra, um dos cérebros que trabalham para decifrar o segredo dos insetos. Até dez anos atrás, eles pareciam simplesmente não ter força para tirar o corpo do chão e o enigma só foi solucionado depois das experiências do zoólogo Charles Ellington e sua equipe da Universidade de Cambridge.

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Após quebrar a cabeça por muito tempo, Ellington percebeu que bater as asas é um malabarismo incrível, pois elas não sobem e descem apenas mas também deslizam para a frente e para trás, giram em torno de si mesmas e tremem durante o vôo, apalpando o ar em busca de sustentação. Para isso, utilizam sensores, capazes de detectar minúsculas variações de pressão à sua volta. Em seguida, cada asa se move, contorce e vibra de maneira independente, na medida exata para flutuar com eficiência máxima.

Ignorando as proezas tecnológicas da natureza, os cientistas no início só conseguiam detectar um terço da força que seria necessária ao vôo. De onde vinham os dois terços que faltavam? Ellington e sua equipe encontraram a resposta ao usar fumaça para observar de que maneira o ar fluía em volta da borboleta Manduca sexta, de 13 centímetros de comprimento. Notaram, maravilhados, que sobre a borda frontal das asas formavam-se miniciclones, turbulências que puxavam o inseto para cima com força três vezes superior à do simples bater das asas . De posse dessa chave, Ellington partiu para a construção de um inseto mecânico capaz de imitar a habilidade dos insetos. Ou seja, um MAV experimental. Duas vezes maior que a Manduca, seu primeiro aparelho ficou pronto em 1995 e, de lá para cá, vem sendo aprimorado com sucesso crescente.

O cientista prefere não especular se, um dia, os turistas poderão sobrevoar o Oceano Atlântico na primeira classe de um louva-deus de aço. Mas não tem dúvida de que os aviões-insetos vão se tornar ferramentas indispensáveis dentro de muito pouco tempo. “Pequenos e agéis, eles vão estar em toda parte, entrando em lugares onde só eles podem manobrar”, diz. Ellington imagina que eles poderão fazer instalações e reparos em túneis, encanamentos, poços e assim por diante. Por último, afirma que todos os miniaviões serão guiados por controle remoto. Ou seja, mesmo que os MVAs cresçam a ponto de levar passageiros a bordo, jamais um piloto vai saborear a sensação de dirigir insetos artificiais.

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fdieguez@abril.com.br

Pequenos mestres

Ficar no ar não é tão fácil quanto parece

As asas têm que subir e descer…

… mas também avançar e recuar…,

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… criando vórtices que puxam o inseto para o alto

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