O elevador antivandalismo
Pichações? Depredações? Recadinhos para o síndico? Tudo isso está com os dias contados
Mayara Alves
Ricardo ama Aline. Abaixo o zelador fascista! Viva Bob Marley. Desenhos de pênis voadores. Se você mora em prédio, já deve ter visto alguma pichação desse tipo nas paredes do elevador. Mas, se depender da Cohab (Companhia Metropolitana de Habitação), esse tipo de manifestação vai acabar. A empresa, que é do governo de São Paulo, pretende instalar seu primeiro elevador – e decidiu optar por um modelo à prova de vandalismo. Ele será instalado em um prédio no centro da cidade que desde 2008 é administrado pela prefeitura e funciona como habitação popular. O superelevador foi criado pela empresa espanhola Orona, custa cerca de R$ 150 mil e tem uma série de características exclusivas (veja quadro abaixo). “Esse elevador já existe na Europa há 5 anos e foi desenvolvido para uso em estádios de futebol – onde tem de resistir a torcedores violentos”, conta Boris Risnic, engenheiro responsável pelo projeto.
Social e de serviço
Os sistemas de proteção do superelevador
Teto
Suporta até 150 kg pendurados – o peso de um homem bem grande -, e as luzes são embutidas (as lâmpadas não ficam expostas e não podem ser quebradas).
Painel
É à prova d’água, pois não existe vâo entre os botões. Também suporta fogo, impactos, cortes e perfurações.
Sensor da porta
Fica escondido na parte de fora para dificultar que vândalos colem um chiclete nele, ação que impediria o fechamento da porta.
Espelho
É de vidro laminado – o mesmo usado nos pára-brisas de carro, que não solta estilhaços se for quebrado. O espelho foi mantido porque os especialistas acreditam que ele iniba a ação do vândalo (que se enxerga agindo).
Parada
Em caso de emergência, o elevador só pode ser aberto pelo zelador – que deve apertar um botão na casa de máquinas do edifício e utilizar uma chave especial
Revestimento
As paredes da cabine são de aço inox à prova de tinta e de riscos – não podem ser arranhadas com lâmina. O corrimão aguenta até 255 kg de peso.
Vão
Tem apenas 0,9 cm, a metade do normal, para dificultar que objetos sejam jogados no fosso.
Fontes Boris Risnic, engenheiro; Aline Cannataro Figueiredo, arquiteta da Cohab; Lilian Sarrouf, do Comitê de Meio Ambiente do Sinduscon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo); Renan Cerqueira Leite, gerente de inteligência de mercado do Colégio Módulo; José Gomes Ribeiro Filho, mestre em ciências físicas e aplicadas pela UFC (Universidade Federal do Ceará).