O que causou as Eras Glaciais?
Elas foram provocadas por mudanças na órbita da Terra ou em nossa atmosfera? Uma nova pode vir por aí?
Rodrigo Cavalcanti
Na história da Terra, as Eras Glaciais são períodos em que grossas camadas de gelo cobrem vastas áreas do planeta. Algumas delas duraram milhões de anos e alteraram o relevo, a vegetação e a vida animal dos continentes. A mais antiga delas se deu há mais de 570 milhões de anos e a mais recente, de menor escala (e, por isso, chamada de Pequena Era do Gelo), começou no século 16 e durou cerca de 3 séculos na Europa, atingindo o seu pico em 1750.
Do frio ao aquecimento
Os pesquisadores sabem que essas pequenas eras do gelo ocorrem a cada 20 000 a 40 000 anos, e que as de grande duração ocorrem em um intervalo de cerca de 100 000 anos. O matemático sérvio Milutin Milankovitch (1879-1958) foi o primeiro pesquisador a se debruçar seriamente sobre o tema. Ele propôs que os períodos de glaciações eram provocados por mudanças na quantidade de energia solar absorvida na Terra devido a pequenas irregularidades na órbita do nosso planeta em volta do Sol. Essas pequenas variações resultariam em quedas abruptas de temperatura. A questão, contudo, não foi inteiramente esclarecida em razão de os cientistas saberem que as recentes flutuações na órbita do planeta foram capazes de influenciar no máximo em 1% a absorção da energia solar pela Terra – o que seria insuficiente para explicar as grandes glaciações.
Outra possível causa das glaciações seria a diminuição, no passado, da concentração de gases como o gás carbônico na atmosfera, cuja escassez provoca queda da temperatura da Terra. A questão é: a redução do gás carbônico na atmosfera foi a causa dessas glaciações ou essa diminuição na concentração do gás já teria sido resultado delas? O que teria provocado essa mudança de concentração dos gases na atmosfera nas últimas Eras Glaciais e como controlá-la?
Dependendo da resposta, os cientistas esperam saber, por exemplo, como combater com eficiência o aquecimento global provocado pelo aumento da concentração de dióxido de carbono na atmosfera – desta vez pelas mãos humanas.