Rafael Kenski
De mão em mão, os direitos autorais vão para o saco. O motivo é o napster, um protocolo (ou linguagem) criado pela empresa de mesmo nome, com o qual usuários da Internet trocam livremente arquivos de música entre si. Com isso, espalham criações alheias sem pagar nada a ninguém. Agora, essa liberdade avança para outros negócios – vale filme, game, textos e softwares em geral. O fabricante americano de telas para bordar, Jim Hedgepath, disse à revista americana Time que já não tem como proteger o trabalho de seus artistas. “Muitos deles foram embora.” Até as igrejas se sentem ameaçadas: há gente fundando religiões próprias no ciberespaço. Querem praticar a fé sem a intervenção de sacerdotes ou bispos. “Rejeitamos o Diabo e sua tentação centralizadora”, afirma uma delas em manifesto, a Society of Peers (www.quakester.org). Protestos como o de Hedgepath caem no vazio. A napsterização é crescente. Protocolos como o gnutella (gnutella.wego.com), ao contrário do napster, não precisam nem de um servidor central para agir. Não há como fechá-lo ou processá-lo. O Freenet (freenet.sourceforge.net), então, é quase anárquico: acessa micros do mundo todo sem deixar nenhuma pista de onde está vindo ou para onde vai. Ele picota em pedaços as informações que distribui, gravando os fragmentos nos lugares mais diversos. Um fantasma. Se continuar assim, bandas como Metallica – que está movendo um processo contra a Napster, empresa – ainda vão ter muito o que brigar.