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O robô do futuro terá rabo

Tudo inspirado nos cavalos de pau radicais de uma espécie de lagarto australiano.

Por Ana Carolina Leonardi Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
24 out 2018, 17h25

Foi a essa conclusão que chegaram cientistas da Universidade de Queensland, especialistas na dinâmica de movimento dos lagartos.

Talvez você nunca tenha parado para pensar qual é a função do rabo na vida dos lagartos. Essa questão é exatamente o que motiva o estudo dos pesquisadores Christopher Clement e Nicholas Wu. Eles geraram uma série de simulações em computador do movimento dos bichos – e chegaram até a construir uma pista de corrida dentro do laboratório para botá-los para correr.

Por que tanto interesse? É que lagartos, quando correm, demonstram um curioso “surto de bipedismo” – ou seja, os bichos, que geralmente andam em 4 patas, temporariamente passam a se mover em duas pernas.

Várias teorias tentavam explicar como é que os animais faziam isso. A maioria afirmava que, quando um lagarto corre, a própria aceleração do movimento permite o bipedismo – como se fosse um carro dando cavalo de pau. A aceleração permite que você desloque o centro de gravidade daquele corpo (carro ou lagarto) sem perder o equilíbrio. Mas, como todo mundo que já deu um cavalo de pau sabe, esse tipo de movimento exige uma baita aceleração para dar certo.

Só que Clement e Wu descobriram nos seus estudos que lagartos correm em duas pernas mesmo quando estão em baixa velocidade – às vezes até mesmo quando estão desacelerando. A conta não fechava.

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Aí entrou o rabo: a estrutura comprida permitia aos lagartos manter muita estabilidade enquanto eles variavam entre quatro e duas patas. E mais importante: ele era levemente móvel. Quando o lagarto ergue levemente o rabo e a cabeça, o ligeiro deslocamento do centro de gravidade já é suficiente para facilitar o movimento em duas patas, mesmo sem tanta aceleração.

Analisando os répteis – especificamente o dragão aquático australiano, lagarto de nome oficial Intellagama lesueurii howittii – eles perceberam que o rabo é uma vantagem enorme para os bichos: “eles conseguem se mover muito mais rápido, gastando muito menos energia”, conta Nicholas Wu, um dos autores da pesquisa.

Acontece que os mesmos pesquisadores estudam robôs biomiméticos (que imitam a natureza) – e concluíram que a melhor maneira de tornar um robô bípede mais eficiente, veloz e capaz de ultrapassar obstáculos sem cair seria acrescentar a ele um rabo – trazendo, novamente, a eficiência energética e a estabilidade dos lagartos às máquinas. O que C3PO acharia disso?

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