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Os meteoros Leonídeos chegam em novembro

Artigo do astrônomo Ronaldo Rogério de Freitas Mourão que fala da passagem dos meteoros Leonídeos em novembro.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h37 - Publicado em 31 out 1990, 22h00

As chuvas de meteoros estão entre os mais atraentes fenômenos do céu. Como os cometas, aos quais estão associados, aparecem periodicamente e, em certas ocasiões, se tornam facilmente visíveis a olho nu, em número de dezena de milhares. A mais importante delas é a chuva dos Leonídeos, que ilumina o céu todo mês de novembro. Foram os primeiros meteoros descritos de científico, um trabalho do alemão Alexander Humbolt (1769 – 1859). Ele os observou em 11 de novembro de 1779, e sua próxima grande aparição, meio século mais tarde, em 12 de novembro de 1833, maravilhou as pessoas.

Na cidade de Boston, nos Estados Unidos, se chegou a dizer que um dos bólidos cadentes tinha a dimensão da Lua. De qualquer forma, seus fortes clarões tinham a dimensão da Lua. De qualquer forma, seus fortes clarões tiraram as pessoas da cama e no momento de maior intensidade, a taxa de corpos cadentes chegou a 35.000 por hora. O evento estimulou o estudo científico desse fenômeno, que ainda não havia sido catalogado sistematicamente. Isso foi feito pela primeira vez, em 1837, pelo belga Adolphe Quetelet (1796 – 1874). Ele observou que um tradicional derrame de meteoros, denominado “ Lágrimas de São Lourenço”, repetia-se sempre no mês de agosto.
Isso indicava que a aparição desses corpos estava associada ao movimento da Terra em torno do Sol. Todos os anos, no mesmo mês, o planeta passaria por um ponto em sua órbita onde se localizava uma nuvem de partículas. Existem evidências atualmente de que essas partículas são ejetadas dos cometas e acompanham as suas órbitas em torno do Sol. Inicialmente, as nuvens se concentram perto do astroque lhes deu origem, mas com o tempo se espalham à sua frente e à retaguarda. Os Leonídes, por exemplo, são ejetados pelo Cometa Tempel – Tuttle, avistado pela primeira vez em 1865.

De fato, em 1866, na noite de 13 para 14 de novembro, os meteoros caíram sobre a terra a uma taxa de 7200 por hora. E no mesmo ano o italiano Giovanni Virgilio Schiaparelli (1835 – 1910) demonstrou que estavam se movendo na mesma órbita do cometa. Além disso, o período do Tempel – Tuttle é de 32,9 anos – mais ou menos o tempo que os Leonídeos demoram para repetir suas aparições mais espetaculares.

A prova disso é que em 1932 os Leonídeos apareceram na data de prevista, ainda que sem grande brilho. Daí para a frente, se tornou possível achar a sua trilha mesmo quando ainda estavam distantes. Em 1961, por exemplo, o satélite americano Vanguard 3 foi ao encontro deles e gravou o som de nada menos que 2800 colisões contra sua fuselagem. Cinco anos mais tarde, com uma ano de atraso, finalmente cruzaram a órbita da Terra e ofereceram um dos seus mais belos espetáculos. Em alguns momentos, a taxa de meteoros cadentes chegou a 504 000 por hora.

À medida que a chuva se aproximava da intensidade máxima, muitas pessoas assustaram, com medo de um massacre. No entanto, o astrônomo brasileiro João Gualda, do Observatório Nacional, no Rio de Janeiro, teve a reação oposta. Contou que ao ver os meteoros, durante uma de suas missões pelo interior do Brasil, ficou maravilhado com sua beleza. Seu retorno, em princípio, está marcado para 17 de novembro de 1998, ano em que o Tempel – Tuttle se aproxima do Sol.

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Os cálculos mais recentes, porém, mostram que as aparições mais significativas dos Leonídeos acontecem cerca de 2500 dias antes ou depois da passagem do cometa. Portanto, as chances de uma grande chuva se estendem pelo período de 1997-1999. Até lá, convém ficarmos atentos, já que, como se viu, se trata de um fenômeno caprichoso. Neste mês, a passagem pela órbita dos Leonídeos ocorrerá no dia 17. Mesmo que não seja muito intensa, vale a pena observar os rastros geralmente rápidos, de tom amarelo-esverdeado, deixados pelos meteoros ao serem queimados pela colisão com a alta atmosfera. Seu radiante – ou centro de dispersão – fica na Constelação do Leão, e devem riscar o céu por volta das 3 horas e 30 minutos da madrugada, a uns 30 graus acima do horizonte.

Ronaldo Rogério de Freitas Mourão é astrônomo e membro da União Astronômica Internacional.

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