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Porta-aviões Minas Gerais: Aeroporto que flutua no mar do Brasil

Características do porta-aviões Minas Gerais, único no Hemisfério Sul, que volta à ativa depois de uma reforma de dois anos.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h38 - Publicado em 31 out 1994, 22h00

Cláudio Lucchesi

O Minas Gerais é o que se chama, no jargão da Marinha, de “navio de controle de área”. Sua principal tarefa é coordenar a defesa da costa brasileira. Ele é, ao mesmo tempo, o núcleo pensante e o comando de um grupo de navios, e dirige as ações de combate.

A reforma do Minas Gerais foi toda realizada no Arsenal da Marinha, no Rio. As maiores mudanças aconteceram no equipamento eletrônico. O Centro de Informações de Combate (CIC), o cérebro do navio, recebeu o sistema Siconta, desenvolvido no Brasil. O Siconta reúne dados de todos os sensores e radares a bordo e pode analisar e classificar barcos e aviões de acordo com seus tamanhos. Mais que isso, o sistema consegue monitorar a rota e a velocidade de até 96 contatos de radar (como são chamados os alvos), numa área de 80 milhas náuticas (são quase 150 quilômetros) ao redor do porta-aviões.

O Minas Gerais vai receber ainda mísseis antiaéreos Mistral Sinbad, da empresa francesa Matra. Modernizado, tornou-se uma poderosa arma de guerra. O porta-aviões brasileiro não tem muito em comum com os enormes superporta-aviões americanos, como o Nimitz, que operam até 90 aeronaves e têm um poder de fogo capaz de fazer bombardeios nucleares. Chamado “NA e L” (traduzindo: “navio aeródromo ligeiro”), tem mais parentesco em outras águas: nas espanholas, com o Príncipe de Astúrias; nas italianas, com Giuseppe Garibaldi. Todos são navios de controle de área.

Uma pequena cidade funciona dentro do Minas Gerais. A padaria faz 3 000 pães por dia. O açougue tem duas câmaras frigoríficas com capacidade para até quatro toneladas de carne. Numa missão normal, que dura 20 dias, 15 toneladas de alimentos são embarcados. Três, só de arroz e feijão.

As áreas de lazer e refeição são separadas de acordo com a graduação dos usuários: praças, suboficiais e oficiais (que têm jogos, som, TV, vídeo e bar). E melhor: toda noite acontecem duas sessões de cinema na sala dos suboficiais.

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Disparos do ar

Os helicópteros Super Puma são usados para missões como busca e salvamento. O Minas Gerais tem também os Sikorsky/Agusta SH-3H Sea King, os maiores e mais sofisticados helicópteros militares do Brasil. Numa luta anti-submarino, lançam torpedos “inteligentes”. Num ataque a navios, atiram os mísseis Exocet.

Divisão de tarefas

Antes da missão, as equipes que trabalham no convés de vôo fazem uma minuciosa limpeza, retirando os objetos estranhos. Elas se identificam pela cor dos uniformes, de acordo com suas funções: abastecimento/preparação das aeronaves (verde), bombeiros e antiacidentes (vermelho), e operações de vôo (amarelo).

Evitando acidentes

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Durante as operações de vôo, as equipes de “crash” (acidente, em inglês) ficam prontas para agir. Incluem bombeiros e pessoal de resgate. Além disso, um helicóptero fica em vôo durante todo o tempo, com um mergulhador, pronto para o salvamento em caso de uma queda de aeronave no mar.

Direto para a garagem

Um Tracker dirige-se a um dos elevadores para ser levado ao hangar, que fica embaixo do convés de vôo. As asas são dobráveis para que o avião ocupe menos espaço. O Minas Gerais pode acomodar em seu hangar até 16 aeronaves.

Sistema pensante

O Centro de Informações de Combate, que é o cérebro

do navio, acaba de ser equipado com o sistema SICONTA, inteiramente desenvolvido no Brasil por iniciativa da Marinha. Esse sistema, único criado fora do Primeiro Mundo, reúne dados de todos os sensores e radares do navio. Pode monitorar até 96 contatos (alvos) numa área de 150 quilômetros ao redor do porta-aviões.

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Controle total

Um oficial traça no mapa a rota do navio, no Centro de Informações de Combate, como parte da rotina de relatórios e diário de bordo. O comandante recebe todas as notícias, mas ocupa uma posição isolada, num posto anexo à ponte de comando, de onde tem comunicação com todas as partes do barco e visão total do convés de vôo.

De olhos abertos

A tela do Centro de Controle de Aproximação, que é a torre

de controle do “aeroporto” do navio, mostra os sinais orientando as aeronaves. Uma imagem do convés de vôo facilita a visualização do operador. O Minas Gerais tem cinco radares: SPS-40E (para busca aérea), AWF-4 (busca aérea e de superfície), Furuno e Scanter-Mil Nav (ambos de navegação), e Scanter-Mil (aproximação de aeronaves e controle de vôo).

Para saber mais:

Vôo sem venenos

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(SUPER número 12, ano 3)

Arranha-céus voadores

(SUPER número 5, ano 7)

Ficha técnica

O Minas Gerais nasceu com o nome de HMS Vengeance, na Grã-Bretanha, e entrou em serviço para a Marinha Britânica em 1945. Virou brasileiro em 1960. Veja, a seguir, os dados mais importantes:

Comprimento: 214,1 metros

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Comprimento da pista: 206 metros

Largura máxima do casco: 45,85 metros

Largura do convés de vôo: 37 metros

Capacidade de deslocamento: 19 340 toneladas

Número de conveses: sete (três deles abaixo da linha d’água)

Calado (profundidade do casco abaixo da linha d’água): 7,5 metros

Radares: 5

Autonomia de máquinas: 20 dias

Consumo de combustível: 150 toneladas de óleo combustível por dia

Consumo de energia elétrica: 1 100 kW por dia

Potência: dois eixos propulsores de 20 000 cavalos cada um

Velocidade máxima: 45 quilômetros por hora

Tripulação (Marinha): 1 000 homens (incluindo146 oficiais)

Tripulação (Aeronáutica): 300 homens

Turno: quatro horas de serviço por oito de descanso

Temperatura na sala de caldeiras: 50 graus centígrados

Cinema: duas sessões diárias

Padaria: 3 000 pães por dia

Atendimento médico: 32 leitos

Outros serviços: biblioteca, academia de ginástica, capela, barbearia, loja de conveniência, TV e vídeo, sistema de som e sala de jogos

Número máximo de aeronaves: 16, entre aviões e helicópteros

Helicópteros

Bell JetRanger II: para instrução de pilotos

Super Puma: para missões de treinamento, reconhecimento, busca e salvamento

Sikorsky/Agusta SH-3H Sea King:

os maiores e mais sofisticados em uso no Brasil. Com sonar e computadores, podem voar à noite e com qualquer tempo. Têm torpedos “inteligentes” contra submarinos e misseis Exocet

Aviões

Grumman S-2 Tracker (P-16):

Usam sensores magnéticos e sonoros para localizar submarinos. Têm asas dobráveis de acionamento elétrico-hidráulico.

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