Sexo interplanetário
Histórias de relacionamento íntimo entre humanos e ETs cheiram a bravata e soam como papo de botequim. Mas há quem acredite que já houve caso
Alexandre Petillo e Giselle Vanessa
15 de outubro de 1957. À 1h da madrugada, sozinho, o agricultor Antônio Villas Boas, então com 23 anos, arava com um trator as terras da fazenda da família, nas imediações da pacata São Francisco de Salles, em Minas Gerais. Foi quando, pela terceira vez nos últimos dias, eles observou um clarão prateado e oval fazendo estranhas evoluções no céu. A luz se aproximou do trator e, só então, Villas Boas se deu conta: era um óvni!
Repentinamente, o trator parou de funcionar. O agricultor nem teve tempo de correr. Num segundo, ele foi dominado por três seres baixinhos que usavam capacetes e roupas colantes cinza. Eles o levaram ao interior da nave e o despiram. Em seguida, recolheram amostras de seu sangue. Pouco depois, Villas Boas foi surpreendido pela entrada de uma mulher com feições humanas, inteiramente nua. Ela tinha cerca de 1,30 metro de altura, queixo proeminente, pele e cabelos brancos, lábios finos e pêlos púbicos de um vermelho intenso como sangue. Apesar de sentir medo, a excitação falou mais alto e Villas Boas caiu nos braços da ETzinha. Consumado o ato, ela apontou para a própria barriga e, em seguida, para o céu. “Acho que queriam um bom garanhão para aumentar o rebanho”, disse sem modéstia o agricultor, que foi devolvido à fazenda seis horas depois do rapto.
O incrível relato acima foi feito ao ufólogo brasileiro Walter Buhler, responsável pela divulgação do caso, no final dos anos 50. O potencial para fazer piadas a respeito de situações como essa é enorme – mas não vamos fazer nenhuma. Um levantamento da americana Mutual Ufo Network (Mufon) revela que, num universo de 215 casos relatados de abdução, dez envolveram experiências sexuais. Para alguns, o caso Villas Boas é o único “comprovado”. “A casuística de relações sexuais com ETs é vasta, mas a ocorrência que talvez tenha causado maior rebuliço e discussão é a de Villas Boas”, diz o ufólogo Gener Silva. “Há muita controvérsia. Porém, segundo a maioria, há indícios fortes de veracidade.”
Um dos motivos para que muitos ufólogos acreditem na história de Villas Boas é o grande número de pormenores fornecidos por ele, sem que tenha havido nítida incongruência nos diversos depoimentos prestados. No entanto, Jeferson Martinho, editor da revista virtual Vigília, é mais cético. Segundo ele, as investigações sobre os supostos casos de relacionamento íntimo entre humanos e ETs “não foram efetivamente realizadas em ambiente acadêmico ou multidisciplinar o suficiente para eliminar hipóteses psicológicas importantes, como traumas causados por memórias reprimidas, distúrbios de ordem psicológica ou comportamental, etc. Além disso, há pontos consoantes demais com a tecnologia terrestre da época do ocorrido, denotando, no mínimo, uma reestruturação e reinterpretação das memórias que os protagonistas guardavam do episódio no momento do relato. No mínimo porque, no outro extremo – no máximo –, a possibilidade é que seja tudo mesmo fantasia”.
GOSTOSURA OU TRAVESSURA?
Supondo que haja alguma verdade nos relatos de aventuras sexuais interplanetárias, cabe uma pergunta: afinal, por que os ETs iriam querer fazer sexo com os terráqueos? “Talvez queiram transar com a gente simplesmente pela experiência ou pela curiosidade científica. Talvez estejam procurando o resultado do sexo atávico. Temos de admitir também que eles devem ser avançados na questão genética e dominem suas conseqüências na reprodução da espécie, como clonagem, reprodução assexuada, etc. Ou, quem sabe, quebraram algum código de ética e não resistiram a uma travessura espacial?”, especula Gener.
Os estudiosos do assunto dizem que o sexo interplanetário não deve fugir muito do padrão terrestre. “Segundo as narrativas, tudo acontece dentro da conceituação do normal”, diz Gener. Os órgãos sexuais das espécies visitantes seriam parecidos com os dos humanos. O sexo não é consentido, mas também não chega a se configurar um estupro, já que a maior parte das “vítimas” declarou que as ETs não eram de se jogar fora. “Segundo relatos, principalmente do caso Villas Boas, ela era bonita, muito atraente e até sexy”, confirma Gener.
Alguns estudos sugerem, no entanto, que quem faz sexo com extraterrestres corre o risco de sofrer distúrbios sexuais. Um dos casos mais comentados teria acontecido na noite de 13 de abril de 1979, em Maringá (PR). Joselino de Mattos, então com 21 anos, disse ter sido seqüestrado por alienígenas e forçado a transar com uma ET de feições humanas. Antes do ato propriamente dito, os malvados visitantes teriam masturbado o rapaz para sugar seu esperma – é o único caso relatado de masturbação interplanetária. Em conseqüência do abuso, Joselino declarou que, durante anos, teve dificuldade para manter relação sexual, fato que teria sido atestado por sua mulher, Marilene Mattos.
Para a americana Shane Kurz, o affair interplanetário teve resultados ainda mais traumáticos. No dia 15 de abril de 1968, em Westmoreland, nos Estados Unidos, “vozes” a teriam feito caminhar até o interior de um óvni, onde dois homens nus a esperavam. Eles eram magros, baixos, sem nariz e tinham a genitália parecida com a dos humanos. Os seres teriam estimulado Shane passando uma geléia no ventre e no peito da moça, que até então era virgem, e transaram com ela. Depois dessa experiência, Shane teve depressão, perdeu peso, sofria constantes dores de cabeça, a menstruação cessou, os olhos ficaram estrábicos.
“Para as mulheres, a coisa é mais complexa ainda. Há declarações de mulheres que teriam sido abduzidas, seu óvulo retirado e depois recolocado já fertilizado, iniciando uma gravidez assistida. Elas declaram também que, após três meses, são novamente abduzidas e o feto é retirado cirurgicamente”, diz o ufólogo Vanderlei D’Agostino, consultor da revista UFO. “O objetivo disso, tanto para homens como para mulheres, seria uma possível tentativa de hibridização ou testes genéticos. Mas nada disso foi definitivamente comprovado.”
“As investigações não foram feitas em ambiente multidisciplinar o suficiente para eliminar hipóteses importantes, como traumas causados por memórias reprimidas, distúrbios de ordem psicológica ou comportamental”
Jeferson Martinho, editor da revista vigília
Planos malignos
Para alguns estudiosos, já existem seres híbridos entre nós. O que eles querem? Dominar a Terra
O filósofo e escritor americano David M. Jacobs, professor de História na Universidade Temple, na Filadélfia, acredita piamente na existência dos híbridos – fruto do cruzamento de humanos com extraterrestres. Jacobs escreveu dois livros a respeito, A Vida Secreta e A Ameaça. Segundo ele, ETs da raça greys teriam sido manipulados geneticamente por alienígenas superiores, tornando-se estéreis. A única esperança de sobrevivência dos greys seria a criação do Homo alienus, uma raça híbrida de humanos com ETs. Ainda segundo Jacobs, toda uma geração híbrida, idêntica aos humanos, mas com poderes telepáticos, já teria sido criada. O próximo passo seria a dominação total da Terra. Jacobs não é o único a acreditar em híbridos. O escritor inglês David Icke afirma em seus livros que, há 10 mil anos, ETs da raça reptiliana teriam se relacionado com fêmeas terrestres. Desse relacionamento teria surgido uma raça híbrida, que hoje governaria a Terra. Segundo Icke, a rainha Elizabeth II e o presidente George W. Bush seriam “reptilianos com capacidade de mudar de forma”. E mais: Icke está convencido de que a morte da princesa Diana num acidente de automóvel, em 1997, teria sido, na verdade, um sacrifício ritual promovido pelos reptilianos. “Aqui só podemos especular. Há quem diga que ‘eles’ já estão entre nós, seja para o bem (uma futura interação definitiva entre nossa raça e outras que nos visitam), seja para o mal (uma intervenção não amigável em nosso planeta)”, diz o ufólogo Vanderlei D’Agostino. “Mas há muita fantasia. A maioria dos relatos e declarações nada mais são do que invenções da mente do suposto abduzido, devido a traumas de infância ou à influência da mídia no nosso inconsciente.”