TV espertinha
Não precisa perder o final do filme porque sua tia telefonou. Não precisa esperar os comerciais para ir ao banheiro. Aliás, não precisa assistir aos comerciais.
Gabriela Aguerre
Não precisa correr no trânsito porque o jogo está começando. Não precisa perder o final do filme porque sua tia telefonou. Não precisa esperar os comerciais para ir ao banheiro. Aliás, não precisa assistir aos comerciais. Se tiver vontade, pode ver a sessão da tarde às oito da noite. Com os PVR (sigla inglesa para “gravadores pessoais de vídeo”), que 1,5 milhão de lares americanos já usam, muda tudo no jeito de assistir à televisão. Você pode estar cansado, com razão, de gente alardeando o fim das coisas – como acabo de profetizar. Mas veja só do que os PVR são capazes:
1. Eles gravam a programação de TV com um atraso mínimo – por isso, você pode congelar a imagem, voltar, adiantar com três velocidades de forward, pular créditos, propagandas e assistir aos programas na hora que quiser, mesmo enquanto o aparelho grava. Você pode interromper um jogo de futebol ao vivo e voltar a assistir, onde parou, dez minutos depois. Aí dá para passar rapidinho o que perdeu até voltar ao jogo ao vivo.
2. Recebem a programação dos canais em tempo real. Isso porque o aparelho está ligado às emissoras por satélite ou por linha telefônica.
3. Gravam em um disco rígido com capacidade de até 80 horas. Quando o espaço termina, o sistema grava por cima, a não ser que você peça a ele para guardar algum programa em especial.
4. São mais fáceis de operar que o velho videocassete. Com um PVR, para gravar um programa, basta apertar uma tecla no controle remoto. Se quiser varrer a programação atrás de uma série em especial, digite o nome no menu na tela da TV.
5. Sem você pedir, eles reconhecem seus gostos. Aí montam uma programação com a sua cara. Se não interessar, é só apagar. Verdade que o aparelho pode se enganar. Houve o caso de um americano cujo PVR cismou que ele era gay. Para resolver o problema, o moço precisou enganar o sistema, selecionando programas, digamos, mais masculinos.
A marca mais popular de PVR é a TiVo, que é também o mais antigo (de 1997), licenciado pelas empresas Sony e Philips. Tem também o Replay TV, da SonicBlue, e o Ultimate TV, da Microsoft. Os aparelhos custam entre 200 e 400 dólares e as assinaturas saem por, no máximo, 12,95 dólares. A TiVo oferece assinaturas vitalícias por 299 dólares.
Gostou? Pois não se empolgue. Não há perspectivas de que os PVR apareçam logo no Brasil. “O produto é caro para o mercado brasileiro”, avalia Renato Cotrim, gerente da área de TV digital da Microsoft. Além de aguardar por um melhor momento econômico, também espera-se que a Anatel defina qual será o padrão digital da TV aberta. O jeito é aguardar. E ser mais paciente no trânsito, com a tia que telefona, com as propagandas…