Um computador quer descobrir o novo Harry Potter
Pesquisadores afirmam ter inventado um algoritmo que consegue descobrir se um livro vai vender bem - ou não.
Quando J.K. Rowling escreveu sua primeira versão de Harry Potter, a coisa não foi nada bem: várias editoras recusaram a história do menino bruxo. Quase que o livro não é publicado. Até uma empresa pensar diferente e publicou o livro. Não é muito difícil imaginar o arrependimento dos editores que recusaram a história de Rowling – algumas centenas de páginas que rendem milhões de libras há 20 anos. Pois bem, uma dupla de pesquisadores americanos está tentando garantir que esse tipo de erro nunca mais seja cometido. Eles querem usar algoritmos para detectar best sellers, antes mesmo deles irem às lojas.
A ideia é meio obscura, já que os desenvolvedores da ferramenta Matthew L. Jockers e Jodie Archer não querem entregar muito do ouro revelando quais são os segredos que fazem seus códigos funcionarem. O que se sabe é que, para chegar nesse resultado, o robozinho teve que ler. Muito. Mais de 20 mil livros de ficção foram analisados pelo robô, para que ele conseguisse preparar seu sistema de julgamento sobre o sucesso (ou fracasso) de vendas.
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A questão é que os resultados apontados pela máquina são impressionantes. Para testar, os pesquisadores pegaram algumas obras que figuraram na lista dos mais vendidos do The New York Times nos últimos 30 anos. E perguntaram (já sabendo a resposta), se o robô achava que o livro iria render uma grana. A máquina até errou, mas foi bem pouco. A reposta bateu com a realidade em 80% dos casos.
Agora, o robô está compartilhando dicas para explicar como fazer um livro vender bem. De acordo com o algoritmo, três coisas são essenciais para criar um best seller: 1- cerca de 30% do seu livro deve ser sobre o desenvolvimento do tema que rodeia a trama. Por exemplo, se o livro falar sobre advogados, deixe pouco menos de um terço da obra discutir sobre Direito, leis, e especifidades jurídicas. 2 – Nada de acelerar no começo, frear, e depois ir rápido de novo. O programa afirma que um livro de sucesso mantém sempre o mesmo ritmo de narrativa, e mantém uma estrutura de começo, meio e fim, absolutamente clara. 3- Você tem que ser contemporâneo. Mais importante do que falar bonito, é falar como as pessoas de seu tempo falam. Quando o livro mantém sua linguagem atual, a obra vende.
A máquina ainda deu algumas dicas curiosas, ao contrário do que você pode imaginar, sexo não vende. Os resultados apontam que 50 Tons de Cinza não gerou muito dinheiro por causa da parte erótica: o robô afirma que o lucro da franquia se deve a ligação emocional e íntima entre os personagens centrais.
Algumas editoras já estão de olho na máquina de prever sucessos, mas os responsáveis ainda não estão decididos se vão comercializar a invenção, já que, por enquanto, ainda consideram tudo um protótipo. De qualquer forma, por trás da sua próxima ida a uma livraria, talvez exista um robô nada impressionado com a sua escolha.