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Pesquisas mostram que eletroencefalogramas podem autenticar a identidade de uma pessoa com precisão de 94%

Por Marina Demartini, de Exame.com
23 jan 2017, 13h51

Em um futuro – talvez não tão distante – você precisará apenas pensar para acessar a sua conta do Facebook. As ondas cerebrais já são vistas como uma alternativa biométrica para as temidas senhas alfanuméricas.

Neste caso, as ondas cerebrais seriam como uma impressão digital: uma forma segura de acesso. Isso seria possível a partir de um eletroencefalogramas (EEG), um exame que avalia a atividade elétrica do cérebro. No entanto, não seria preciso grudar diversos fios na cabeça. Algumas companhias, como Emotiv Systems, Neurosky e Interaxon, já desenvolveram headsets capazes de realizar um EEG.

Assim, em vez de exigir uma senha, o computador (ou, até mesmo, um smartphone) poderia exibir uma série de palavras e medir a resposta do usuário a partir do headset. O processo seria mais seguro, pois a “assinatura” de um eletroencefalograma é mais complexa do que a de uma senha tradicional.

Outra vantagem de usar ondas cerebrais como senhas é que elas podem verificar a identidade de alguém continuamente. Impressões digitais, por exemplo, fornecem uma identificação única.

Assim, o reconhecimento da atividade cerebral poderia permitir que o usuário interagisse com vários sistemas ao mesmo tempo sem a necessidade de digitar senhas repetidamente para cada dispositivo.

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Funciona?

Medir a atividade cerebral de uma pessoa não é tarefa fácil. Geralmente, ruídos associados aos próprios sinais do cérebro podem dificultar a análise. Em 2015, no entanto, cientistas espanhóis conseguiram fazer a medição e mostraram que eletroencefalogramas podem autenticar a identidade de uma pessoa com precisão de 94%.

Para isso, os pesquisadores gravaram os sinais cerebrais de 45 voluntários enquanto liam uma lista com 75 siglas. Depois, os pesquisadores detectaram as características que diferenciavam os indivíduos com um programa. As respostas foram tão variadas que os algoritmos foram capazes de identificar cada uma das pessoas quando a experiência foi repetida.

A abordagem usada pelos espanhóis para medir os sinais foi simples. Em vez de analisarem todas as ondas cerebrais, eles focaram apenas na atividade de uma região do cérebro associada à tarefa de ler e reconhecer palavras.

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Sinais dessa região cerebral são criados quando uma pessoa acessa suas memórias semânticas. Essas registram apenas os significados de palavras particulares. À medida que o ser humano cresce, ele coleciona diversos significados que são associados às palavras. Essa coleção é capaz de distinguir um indivíduo do outro.

Segundo os cientistas, a técnica baseada nessa memória poderia ser usada para um tipo de biometria mais pessoal do que a impressão digital.

Em entrevista para a revista New Scientist, Blair Armstrong, um dos autores do estudo, se referiu a um caso que aconteceu na Malásia em 2005 para provar sua teoria. Na época, ladrões cortaram a ponta do dedo do dono do carro para que dessem partida no automóvel roubado. “Você não pode ter seu cérebro cortado”, disse o cientista.

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100% eficiente?

O uso de ondas cerebrais, contudo, não é à prova de falhas. Um estudo feito pelo Instituto de Tecnologia Rochester, nos EUA, revelou que o eletroencefalograma pode falhar na autenticação se o usuário estiver bêbado.

Os pesquisadores deram shots de Fireball, uma bebida que mistura uísque e canela, aos voluntários e, depois, mediram suas ondas cerebrais. O teste indicou que a precisão de autenticação da atividade cerebral poderia cair para 33% em usuários alcoolizados.

Outro estudo, este da Universidade de Berkeley, na Califórnia, mostrou que não é apenas a bebida que pode afetar a leitura das ondas do cérebro. Os cientistas descobriram que o exercício físico também tem impacto na autenticação. Eles acreditam que fome, fadiga e outros fatores podem reduzir a confiabilidade do EEG.

Este conteúdo foi originalmente publicado em Exame.com

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